quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal


"(...) Ora entre Enganim e Cesareia, num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro, vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada mulher que todas mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos de enxerga apodrecida, onde jazera, sete anos passados, mirrando e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa arrancada. E, sobre ambos espessamente a miséria cresceu como o bolor sobre cacos perdidos num ermo. Até na lâmpada de barro vermelho secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea. No Estio, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro, secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozidas sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento!Um dia um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse rabi que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos, e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão.

A mulher escutava, com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? O mendigo suspirou. Ah esse doce rabi! quantos o desejavam, que se desesperançavam! A sua fama andava por sobre toda a Judeia, como o sol que até por qualquer velho muro se estende e se goza; mas para enxergar a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos que o seu desejo escolhia. Obed, tão rico, mandara os seus servos por toda a Galileia para que procurassem Jesus, o chamassem com promessas a Enganim; Sétimo, tão soberano, destacara os seus soldados até à costa do mar, para que buscassem Jesus o conduzissem, por seu mando a Cesareia. Errando esmolando por tantas estradas, ele topara os servos de Obed, depois os legionários de Sétimo. E todos voltavam, como derrotados, com as sandálias rotas sem ter descoberto em que mata ou cidade, em que toca ou palácio, se escondia Jesus.

A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha. A mãe retomou o seu canto mais vergada, mais abandonada. E então o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas, ainda as mais pobres, sarava os males ainda os mais antigos. A mãe apertou a cabeça esguedelhada:– Oh filho e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos à procura do rabi da Galileia? Obed é rico e tem servos, e debalde buscaram Jesus, por areais e colinas, desde Corazim até ao país de Moab. Sétimo é forte e tem soldados, e debalde correram por Jesus, desde o Hébron até ao mar! Como queres que te deixe! Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho tão pobre, sobre enxerga tão rota?

A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:– Oh mãe! Jesus ama todos os pequenos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar!E a mãe, em soluços:– Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega, tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! Talvez Jesus morresse... Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.

De entre os negros trapos, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou:– Mãe, eu queria ver Jesus...E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança:

– Aqui estou."
"
excerto de O Suave Milagre" - conto - Eça de Queiroz

Um Santo e Feliz Natal para todos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Por que não?...

O PSD continua a sua trajectória rumo à balcanização total - desde Santana Lopes até Alberto João Jardim, passando por Aguiar Branco, Passos Coelho ou Marcelo Rebelo de Sousa, o partido transformou-se numa imensa manta de retalhos onde todos apontam caminhos, todos descredibilizam a já frágil "liderança", todos dão palpites, todos "rompem" um tecido já esfarrapado, todos se colocam em bicos de pés.

Não há um esboço, sequer, de alternativa para a governação. Uma única ideia digna desse nome que mobilize o País. A dignidade da construção de um projecto alternativo credível. Nada. Apenas a maledicência, o ataque pessoal centrado no Primeiro-Ministro, o remexer no "lamaçal" das notícias dos tablóides, os pequenos "comícios" das mesmas caras de sempre, dos mesmos "chefes" e "sub-chefes", o contínuo desfile de vaidades e de vacuidades.

A navegação à vista é óbvia - e como o único "projecto" laranja actual é o ataque permanente ao PS, ao PSD tanto faz andar de braço dado com o Bloco de Esquerda como dançar à cossaca com o PCP e de tudo temos visto um pouco.

A verdade é que o País precisa tanto de um Governo forte como de uma Oposição que seja efectiva alternativa nas escolhas do eleitorado. E isso não existe actualmente.

O Governo legitimamente eleito vê-se permanentemente boicotado na sua actuação, mesmo em questões fundamentais para o exercício do Poder e considerando que o julgamento a fazer pelo eleitorado deve ter em conta a expressão de um programa próprio e não as "imposições" de quem não foi escolhido para governar; o principal partido da Oposição está transformado num vulgar "saco de gatos".

Quando até Santana Lopes já coloca a hipótese de abandonar o partido, caso a situação não se clarifique, creio que deveríamos ser mais "arrojados" - e que tal destacados militantes laranja convocarem um Congresso para propor a extinção do actual PSD?... Os verdadeiros sociais-democratas do actual PSD reconhecer-se-íam facilmente no socialismo democrático do PS; os seguidores da "vertente PPD", encostados à Direita, teriam uma opção razoável no CDS/PP e encontrariam, para já, o líder que há tanto tempo procuram. Os poucos que sobejassem talvez pudessem ir comer uns pastéis a Belém, para adoçarem a boca...

Quem sabe se desta forma a situação político-social do País não se clarificaria sem necessidade de se convocarem eleições antecipadas?...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lembram-se da Irlanda?...


Lembram-se da Irlanda?..

A Irlanda era o exemplo de sucesso que a Direita dava, ainda há pouco tempo, em termos económicos e sociais. Normalmente sublinhado com uma frase que se pretendia certeira e demolidora - "e vejam lá que eles nem têm auto-estradas, aquilo é que é um País a sério, nada como nós por aqui!..."

O que aconteceu entretanto?

A crise internacional revelou todo um conjunto de excessos cometidos pela Irlanda durante os anos em que tudo parecia "brilhante". A bolha que se desenvolveu no imobiliário rebentou estrondosamente e encheu os bancos de crédito hipotecário malparado, provocando uma contracção no sector da construção.

Esta circunstância, em conjunto com uma acentuada diminuição da procura externa, precipitou a economia na mais grave recessão de que há memória. A crise "estilhaçou" completamente as finanças públicas, com as receitas fiscais a acompanharem a quebra da actividade e as despesas sociais a subirem em flecha com o desemprego.

Face à ameaça de implosão do sistema bancário, com uma recessão grave entre mãos e a deterioração da situação orçamental, o governo irlandês prescindiu do estímulo económico de curto prazo e elegeu como prioridade a estabilização do sistema financeiro e das contas públicas. Esta opção implicou uma intervenção sem paralelo no sistema financeiro e a adopção de medidas drásticas, incluindo aumentos de impostos e cortes nas prestações sociais.

Em suma: o tal exemplo de "sucesso" que foi sobejamente elogiado e propagandeado por partidos como o PSD (Miguel Frasquilho era um desses "entusiastas"!....) enfrenta o período mais negro dos últimos 70 anos. Estimativas recentes indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) irlandês deverá contrair-se 8,3% já em 2009 (Economic & Social Research Institute (ESRI), relatório trimestral). Em 2010, a economia irlandesa vai provavelmente recuar 1,1%, ainda segundo a mesma fonte.

Afinal a Irlanda, a tal que, por cá, era dada como exemplo de crescimento económico pelos partidos de Direita, está agora num combate sem tréguas para conter o seu défice orçamental e lidar com o forte aumento do desemprego, que já vai em mais de 11%, o nível mais elevado dos últimos 13 anos. Quanto ao défice irlandês deverá atingir os 12% do PIB em 2009, apesar de todos os esforços do Governo liderado por Brian Cowen, que incluiram aumento de impostos e cortes nos gastos públicos.

Lembram-se da Irlanda?... Pois é...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Citação


"Admiram-se às vezes certas pessoas de que um autor medíocre seja normalmente o triunfador do seu tempo. Mas o autor medíocre é que é admirado pelos medíocres. E a mediocridade é o que há de melhor distribuído pelos homens".


Vergílio Ferreira

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Lamaçal...

No lugar onde já existiu o campo de jogos do Grupo Desportivo de Rio de Mouro, Rinchoa e Mercês, mantém-se um imenso lamaçal. Já aqui nos referimos a este assunto, mas nada parece ter avançado.

Caberia à Junta de Freguesia de Rio de Mouro pressionar uma resolução - já o fez? Quando? Como?

Caberia à Câmara Municipal de Sintra concretizar a obra propagandeada - mas aquilo que é patente é um imenso lamaçal sem qualquer sombra de início de obra.

Restam os habitantes de Rio de Mouro (sobretudo os muitos jovens) privados de um espaço para a prática desportiva, tal como continuam privados de um parque urbano que jamais passou do papel e que tanta falta faz nesta zona.

Parece que, em Rio de Mouro, a "obra do regime" se ficou pelo crematório... Quem cuidará dos vivos?...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Uma ideia para Sintra


Ao contrário de outras cidades e vilas do nosso País, Sintra nunca desenvolveu (propositada ou inadvertidamente) nenhum evento, com impacto significativo em termos de marketing territorial e que se constituísse enquanto pólo dinamizador do comércio local, dos agentes de Cultura, da animação dos espaços públicos e/ou culturais, etc.

Obviamente que existe um Festival de Música (Clássica) de Sintra – mas, não querendo desvalorizar o mesmo, trata-se de um evento demasiado elitista e que não constitui, de forma alguma, uma “marca” distintiva imediatamente associada ao Concelho.

Dou exemplos concretos daquilo a que me refiro: Óbidos e o Festival do Chocolate ou, agora, a Cidade do Natal; Amadora e o Festival de Banda Desenhada; Cascais e o Festival de Jazz; Loulé, Sines ou Ovar e os Desfiles de Carnaval; o Porto e o Fantasporto; o Estoril e o Festival de Cinema; etc, etc, etc. São eventos que dinamizam aqueles territórios, atraem visitantes, mobilizam a população residente, apoiam o comércio local.

Sintra tem uma paisagem natural e um património notáveis e únicos que só farão sentido se forem "vividos" e usufruidos. Por outro lado, há todo um Concelho que se estende muito para além do Centro Histórico, da Pena ou do Castelo dos Mouros e que carece, igualmente, de processos de atracção e animação.

Pela sua História, pela sua ligação ao esotérico e misterioso, pelo seu romantismo, pelo seu “ambiente”, pelas actividades características da região, Sintra tem todas as condições para conceber um ou dois grandes eventos similares àqueles que apontei anteriormente. Imagine-se, por exemplo, todo um conjunto de eventos ligados à sub-cultura “
Gótica”, desde a atribuição de um Prémio Literário na área do Fantástico (que bem se podia designar, por exemplo, “Lord Byron” e ter um Dan Brown a entregá-lo em Sintra...), agora que os romances de “vampiros” até estão novamente na ribalta; um festival de Cinema sobre o tema com sessões em diversas salas do Concelho; organização de festas temáticas em locais de diversão nocturna; encenação de espectáculos de teatro em diversos espaços culturais (ex: Regaleira, Palácio da Pena, CC Olga Cadaval, Teatroesfera, associações diversas do Concelho); organização de uma Conferência internacional com especialistas em temas esotéricos, etc. Alguém duvidará do impacto de uma iniciativa deste tipo no tecido social e económico do nosso Concelho, para além das potencialidades enquanto “marca”, mesmo para além do território nacional?

Obviamente que os poderes públicos, ao nível local, são determinantes no “kick-off” de qualquer projecto deste tipo, devendo assumir a “liderança” do mesmo, gerando apoios e alargando o seu espaço de influência – mas até quando continuarão a fazer de “Bela Adormecida” em Sintra?...

domingo, 29 de novembro de 2009

O "revolucionário" no seu labirinto

O inefável Hugo Chavez não pára de surpreender o Mundo - infelizmente, cada vez mais pela negativa.

Agora resolveu elogiar Idi Amin Dada, designando-o como "patriota" e "nacionalista". Ora acontece que este "patriota", ex-governante do Uganda, foi "apenas" responsável pelo assassinato de 300 000 opositores de outras etnias daquele País - e já se sabe como Chavez também "adora" quem se opõe aos seus desígnios de "ditador em construção"...

Outros "patriotas" que também já mereceram o elogio e aprovação de Chavez foram Robert Mugabe (cerca de 20 000 assassinatos no âmbito da limpeza étnica no Zimbabwe, coisa de "aprendiz", comparando com Idi Amin) e o presidente Ahmadinejad, do Irão, que se celebrizou por negar o Holocausto e procura afanosamente a produção de bombas atómicas, eventualmente para acabar de vez com Israel e conseguir bater os "records" dos anteriores "elogiados"!...

Não há dúvida que há coisas que nunca mudam e a ascenção de um ditador (seja ele fascista ou comunista) tem destes pormenores que se revelam, gradualmente, em cada passo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Até quando?...

A voragem mediática, a maledicência gratuita e a rapidez com que tudo se apaga e esquece, são marcas (pela negativa) do Mundo em que vivemos.

Envolvidos, hoje em dia, num estranho "clima" com laivos quase pidescos, pantanoso, por vezes roçando a esquizofrenia, acordamos todos os dias com uma única certeza: as notícias de hoje serão ainda piores do que as de ontem, chafurdarão mais fundo, confundirão mais o cidadão comum. Nem uma réstia de esperança, nem um sinal positivo, nem um esboço de caminho - apenas o "bota-abaixo" como princípio, a suspeição como arma e o negrume como horizonte.

Em Portugal temos um partido que devia constituir-se como alternativa de governação ao PS, que devia surgir junto do eleitorado com as suas propostas diferenciadas para governar o País, mas que, não o fazendo, já não hesita em utilizar a vulgaridade dos tablóides ou o vómito do julgamento na praça pública naquilo que se designa como "combate político". Parece que, não tendo conseguido ganhar as últimas eleições legislativas nas urnas, o PSD pretende "ganhá-las" um destes dias através da corrosão do carácter dos seus adversários políticos, com o Primeiro-Ministro à cabeça, ele que certamente já terá direito a entrar no Guiness como o político com o maior número de "acusações", "suspeições" e "investigações", desde a vida privada à pública, de todo o sempre!

Aliás, de política (no sentido mais nobre da palavra) já desde as eleições que pouco fala o PSD - mas apenas de "escutas", de processos, de Tribunais, de suspeitas, de diz-que-disse, de lamentações, de tricas sobre a liderança que não tem ou sobre aquela que continua a procurar, etc, etc, etc.

Fora de tudo isto há um País para governar. Um País que não se "congela" para assistir a este desfile de monstruosidades. Um País que tem que ter ânimo, esperança, projectos que lhe apontem o futuro. Um País que não pode estar refém de estratégias partidárias de baixo coturno. Um País com gente real, com problemas concretos, que exigem o arregaçar de mangas e não a comiseração, o desalento, o encolher de ombros.

A situação seria diferente (para melhor) se o PS tivesse obtido nova maioria absoluta? Creio convictamente que sim. Constatou-se que, afinal, nenhum partido da chamada Oposição queria dialogar sobre nada com o PS, mas apenas impôr-lhe condições ou limitar-lhe a actuação. Ninguém se mostrou disponível para trabalhar, em conjunto com o Governo eleito, numa alternativa que gerasse maior estabilidade governativa. Afinal, depois de tantas acusações de "arrogância" dirigidas ao anterior Governo, aquilo a que assistimos nos últimos meses foi à intransigência mais absoluta por parte de quem não ganhou as eleições para tentar condicionar as opções e caminhos que o Povo Português colocou em primeiro lugar. A Vida desmascara sempre estas situações...

Resta a memória dos factos para confrontar a miséria intelectual de quem não tem projectos, nem opções, nem rumos novos para os Portugueses, mas apenas tédio, medo, enfado ou suspeitas caluniosas para lançar ao vento - por isso aqui deixo o acesso a documento da Fundaçao Res Publica que é bem exemplificativo daquilo que foram as marcas da governação socialista com maioria absoluta e que tantos se afadigam em esconder ou ignorar, nestes tempos de cinza.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sugestão

Paul Auster é um grande escritor norte-americano e uma aposta minha para futuro Prémio Nobel. Que será mais do que merecido, acrescente-se. O seu último livro intitula-se "Invisível" e, tal como os anteriores, é daqueles que se começam a ler e dificilmente largamos até atingirmos o final. Actual, provocador, mordaz, Paul Auster consegue ser culto sem ser snob, complexo sem ser ininteligível, perverso sem ser vulgar. Tudo isto numa escrita depurada, exacta, que nos conduz quase sempre por viagens ao interior da complexidade humana.

Recomenda-se, naturalmente.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um segredo de Polichinelo


Aquilo que em Portugal se designa como "segredo de Justiça" já há muito que deixou de ser "segredo" e, simultaneamente, começa a ter pouco de "Justiça".

Para um leigo nestas coisas de Leis, de juristas, de Tribunais, de advogados, o chamado "segredo de Justiça" parece fácil de definir: trata-se de informação relativa à investigação de um eventual crime, que deve manter-se reservada até que haja uma decisão por parte de um Tribunal. No fundo tratar-se-á de todo um conjunto de dados que fazem parte da investigação e que devem permanecer a bom recato, na exclusiva esfera de quem investiga e de quem decide sobre as várias etapas do processo, até à sua conclusão com a emissão de uma sentença.

Mas esta é a visão de um ignorante destas matérias, daqueles que até acham que o "segredo de Justiça" se fez para defender quem esteja inocente e não para construir "culpados" por antecipação na opinião pública. Porque todos os dias surgem nos jornais, nas revistas, na abertura de Telejornais, etc, informações que, aparentemente, deveriam estar protegidas por esse tal "segredo de Justiça" e jamais se viu alguém ser acusado ou sequer punido pela óbvia falha no sistema. Porque a equação é simples: existe o tal "segredo de Justiça"; se surgem publicamente dados que não deveriam ter essa divulgação, é porque alguém os transmitiu indevidamente; se dois mais dois ainda são quatro então alguém deveria ser acusado e punido por tal violação.

Mas essa (repito) será certamente a visão de um ignorante - porque a realidade é outra e todos os dias se ri destas conclusões através das parangonas dos jornais, da voz dos locutores de noticiários radiofónicos, do olhar trocista de pivots de Telejornais.

E é assim que, dia após dia, o segredo é cada vez menos segredo e a Justiça é cada vez menos digna desse nome, restando os estilhaços de mil e uma guerras de bastidores que estropiam o carácter de quem tiver o azar de cair na engrenagem, ferem a sensibilidade de quem abomina os julgamentos sumários em formato tablóide e minam os pilares desta nossa (ainda) frágil Democracia.

Até quando?

sábado, 14 de novembro de 2009

Excertos

"Quanto às Monblanc, o que dizer? Como eu a compreendo. Adoro. Porque são óptimas, refinadíssimas e fazem a diferença. Não por se terem transformado em ícones de prestígio mas, isso sim, porque até permitem distinguir quem as merece dos ordinários que, desde locutores a comentadores, políticos, etc, não perdem a oportunidade de as exibirem, rolando-as entre os dedos, perante as câmaras… De facto, um piroso será sempre um piroso, mesmo armado de Montblanc." - in blogue Sintra do Avesso, a propósito da utilização de caneta daquela marca por parte da nova Ministra da Educação.

"Fernando Seara defende na tomada de posse uma sociedade justa, livre e solidária" - título do Jornal de Sintra, 6 de Novembro de 2009.

"CDU viabiliza maioria na Junta de Rio de Mouro - comunistas com presidência da assembleia e dois lugares no executivo" - Jornal da Região, 10 de Novembro de 2009.

"CDS/PP abandona coligação com PSD para a Junta de Freguesia de Algueirão Mem-Martins, em plena sessão de tomada de posse, queixando-se de intolerância e falta de respeito" - notícias diversas nos jornais locais.

"Ela falava, e falava, e falava, e falava. Falava pelos cotovelos. E continuava a falar. Eu sou a dona da casa. Mas aquela empregada gorda só sabia era falar, falar, falar. Onde quer que eu estivesse, lá vinha ela e começava a falar. De tudo e de nada, disto e daquilo, para ela tanto fazia. Despedi-la por causa disso? Teria que lhe dar três meses de indemnização. Ainda por cima, seria bem capaz de me rogar uma praga. Até na casa de banho: e assim e assado, e frito e cozido. Enfiei-lhe a toalha na boca para que se calasse. Não morreu por causa disso, mas por já não poder falar: as palavras rebentaram-na toda por dentro." - in Crimes Exemplares, de Max Aub.

sábado, 7 de novembro de 2009

Contributos

"Um sábio chegou à cidade de Akbar, mas os habitantes não lhe deram muita importância. Conseguiu reunir em torno de si apenas alguns jovens, enquanto o resto dos habitantes ironizava com a sua presença e o seu trabalho.

Certa manhã o sábio passeava com os poucos discípulos pela rua principal, quando um grupo de homens e mulheres começou a insultá-lo. Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi até junto deles, e abençoou-os.

Ao sairem dali, um dos discípulos comentou:

- Eles dizem coisas horríveis e o senhor responde com belas palavras?...

O sábio respondeu:

- Cada um de nós só pode oferecer o que tem."


(conto tradicional / sabedoria sufi)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Rumos para a Assembleia Municipal de Sintra


A Assembleia Municipal de Sintra é o parlamento dos cidadãos deste Concelho. Assim, a par do seu papel de órgão fiscalizador da gestão camarária, deve ser espaço de debate, de reflexão, de cidadania.

A mudança de instalações da Assembleia Municipal de Sintra não é apenas uma necessidade há muito sentida - é uma exigência de participação. São muitos os sintrenses que acorrem às sessões da AM e não encontram condições minimamente dignas para assistirem às mesmas, quer pela exiguidade do espaço, quer pelas condições oferecidas (falta de lugares sentados, calor insuportável quando a sala está cheia, acumular de pessoas na única entrada para a sala onde decorrem as sessões, dificuldades de estacionamento na zona, etc). Os auditórios do C.C. Olga Cadaval têm todas as condições para efectuar essa mudança, com óbvios benefícios para os munícipes e eleitos.

Mas não basta - há também que realizar determinadas sessões da AM em algumas freguesias do Concelho, na eventual impossibilidade de realização em todas. Há que aproximar (na prática e não na mera retórica dos discursos da praxe) eleitos de eleitores, num Concelho de grande dimensão territorial e diversidade de populações. Nada é impossível, basta querer - e esta é também uma exigência de cidadania.

A AM não deve limitar-se, igualmente, ao seu papel fiscalizador ou ficar condicionada pela "agenda" da "rotina" camarária. Cabe-lhe um papel relevante na realização de debates temáticos, convidando especialistas e munícipes a intervir e, dessa forma, esclarecendo, discutindo, ajudando a construir soluções partilhadas. Mas também na fiscalização da actividade camarária o grau de exigência deve, necessariamente, aumentar, face a uma maioria de Direita que já dá claros sinais de querer "fechar-se" sobre si: as perguntas feitas pelos membros da AM ao Presidente da CMS e respectiva vereação, sobre assuntos diversos da gestão camarária, terão que ter resposta dentro dos prazos definidos e as manobras dilatórias para que tal não suceda (como aconteceu, diversas vezes, no anterior mandato) deverão ser clara e publicamente denunciadas. Cabe também aqui um papel fulcral aos órgãos de Comunicação Social, que não raras vezes, nestes últimos oito anos, preferiram noticiar o "acessório" em vez do "essencial" - Sintra precisa como de pão para a boca de uma Imprensa que discuta, confronte os poderes estabelecidos, debata, dê voz a todas as correntes de opinião de forma equitativa e que rompa com o "círculo vicioso" das notícias sobre "comemorações" e "chás dançantes".

Constituindo-se como oposição em Sintra (e sendo o maior partido do Concelho) cabe ao PS um papel determinante na prossecução destes objectivos que, no essencial, mais não visam do que dar voz aos sintrenses, aprofundar a participação democrática dos munícipes e exigir rigor e seriedade nas políticas traçadas.

domingo, 1 de novembro de 2009

Prioridades

Não pode haver a menor dúvida - a prioridade das prioridades de um Governo socialista tem que ser, neste momento, o emprego. Essa é a tarefa número um, aquela que deve concentrar esforços e exigir disponibilização e meios.

Simultaneamente (e face a uma Direita defensora do "salve-se quem puder") há que apoiar quem necessita, quem atravessa dificuldades, quem desespera por não ver amanhã. Existem, hoje em dia, e fruto da difícil situação da economia mundial (que também "globaliza" a miséria e o desemprego nos maus momentos), muitas famílias que caíram numa situação relativamente à qual se julgariam imunes ainda há pouco tempo. Muitos homens e mulheres que não sabem o que fazer das suas vidas. Muitas crianças e adolescentes criadas com todas as dificuldades e engolindo ressentimento e medo do futuro. Tem que existir um sentimento global, por parte de toda a sociedade envolvente, da necessidade de ajudar estas pessoas - mais, da OBRIGAÇÃO de ajudar estas pessoas.

Bem podem vir por aí mais algumas propostas, quase todas no âmbito dos costumes, muitas delas de uma "agenda" alheia e que até podem ser simpáticas aos olhos de alguns e render algum "folclore" mediático - que não se confunda a árvore com a floresta, num momento em que essas confusões podem ser fatais. Um ser humano com fome será, sempre, a prioridade das prioridades - mal andaria um Partido Socialista que o esquecesse!...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais do mesmo - 2

Tomaram hoje posse, em Sintra, os eleitos para a CMS e Assembleia Municipal.

O Dr. Seara, reeleito Presidente da CMS, fez um discurso que me pareceu mais de candidato a Primeiro-Ministro, tal a tónica em questões de política geral, na "miséria", no "desemprego", nas "dificuldades da classe média", etc. Não consegui vislumbrar uma linha de rumo coerente, uma estratégia mínima para se entender, afinal, aquilo que a Câmara, na sua esfera de intervenção, se propõe levar a cabo nos próximos 4 anos - apenas muitas e muitas palavras (como já é habitual...), o desenho de um quadro do tipo "isto ainda pode piorar", quase um assumir da "incapacidade" para fazer mais e melhor, porque no fundo tudo parece depender do Governo e da sua actuação e a Câmara faz o que pode... Ah, e também me parece ter ouvido uma referência ao "enterramento dos cabos de alta tensão" - não percebi foi com que dinheiro tal vai ser pago, face ao retrato (negro) traçado da situação...

Registei, igualmente, as bonitas palavras de "abertura ao contributo de todos" - alguns minutos depois, na primeira sessão da Assembleia Municipal, a maioria de Direita "impôs" a constituição de uma Mesa apenas com elementos da mesma maioria, ao contrário do que sucedeu no anterior mandato.

Foi um belo começo!...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fábula


Hoje gostaria de partilhar uma "fábula" engraçada que recebi na minha mailbox:


"A Serpente e o Pirilampo"


Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:

- Posso fazer três perguntas?

- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que te vou comer, podes perguntar.

- Pertenço à tua cadeia alimentar?

- Não.

- Fiz-te algum mal?

- Não.

- Então porque é que me queres comer?

- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!"

sábado, 24 de outubro de 2009

Hipocrisia


Durante anos a fio queixaram-se de "arrogância" e de "falta de diálogo". Diziam que a maioria absoluta a tal conduzia... E durante os mesmos anos, tudo fizeram (de forma explícita ou até recorrendo a truques manhosos) para convencer o eleitorado que, sem maioria absoluta, a governação do País seria melhor, com mais diálogo, com maior atenção às propostas da oposição.

Conseguido tal desiderato (levar a que deixasse de existir uma maioria absoluta de suporte ao Governo), os mesmos que clamavam por "diálogo" foram então convidados a apresentar as suas propostas e a participar numa solução governativa. Todos disseram que não - só estavam disponíveis para governar de acordo com as "suas" (deles, claro) propostas!... Parece que a isto já não se chama "arrogância" - é "convicção". Pois...

Afinal já percebemos todos o que alguns queriam - um Governo "refém". Um Governo de pés e mãos atadas. Um Governo que não afrontasse interesses instalados, nem corporações bafientas, nem sindicatos esclerosados, nem profundos jogos de alta finança.

O novo Governo aí está e certamente José Sócrates continuará a dar (como sempre deu) o seu melhor na condução dos destinos do País.

Quanto aos tais que tanto falavam em "diálogo", não passam agora de um bando de meninos birrentos, encostados lá ao fundo numa esquina, à espera de poder passar uma rasteira a quem passa e envolvidos, nalguns casos, em disputas entre si. Com eles é assim - o "diálogo" é obrigar alguém a fazer como eles querem e quando querem.

Está feita a prova, para quem ainda tivesse qualquer tipo de dúvida.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saramago e os "maus costumes"



Começo, desde já, por dizer que considero José Saramago um dos nossos grandes escritores, leio a sua obra com prazer e considero inteiramente merecido o Prémio Nobel da Literatura que lhe foi atribuído.

Posto isto, não considero José Saramago "intocável" nas suas opiniões e muito menos uma espécie de "sábio" a quem devemos "beber" as palavras. Vem isto a propósito das recentes declarações do autor onde rotula a Bíblia de um "manual de maus costumes". Não entendi bem se Saramago apenas se refere ao Velho Testamento ou também inclui o Novo. Se leu a Bíblia toda ou apenas partes seleccionadas. Se faz propositadamente tábua rasa de tudo o que tenha a ver com a importância histórica, sociológica, antropológica do Livro Sagrado. E não consegui entender nada disso porque Saramago se ficou pela generalidade, pelo soundbyte, pelo título para encimar jornais e abrir noticiários de TV e rádio - na maior das "profundidades" cai por vezes a "nódoa" da superficialidade, como se pode ver.

A fronteira entre a genialidade e o puro disparate é, por vezes, ténue. Lembremos que Jean Paul Sartre, num arroubo de paixão estalinista, declarou aos 4 ventos que "todo o anti-comunista era um cão". A vida tem destas coisas - e também a passagem de Saramago, no Verão Quente de 1975, pela Direcção do "Diário de Notícias" daria, certamente, todo um "manual de maus costumes", pelo menos em termos de tolerância e respeito pelo emprego de muita gente.

Como diria o Engº Guterres - "é a Vida!". E eu acrescento - "perdoais-Lhes, Senhor..."

Flautista precisa-se!...


Notícia na Comunicação Social:


"Praga de ratos obriga a transferência de alunos em Sintra


Os alunos da escola básica do primeiro ciclo de Almoçageme, Colares, vão ser transferidos para outra instituição escolar, devido a uma praga de ratos, disse à agência Lusa o presidente da Educa, empresa pública que gere os equipamentos educativos de Sintra".


Duas constatações:


- é pena que o Dr.Seara não tenha tão boas relações com o Flautista de Hamelin, como tem com alguns actores, cantores e artistas que apoiaram a sua recente campanha;

- não há dúvida que a dedicação é total e está bem patente nesta escola: pelo menos por parte dos roedores...

sábado, 17 de outubro de 2009

Reflexão




"Os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha"


- Nicolau Maquiavel -

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma entrevista notável


Judite de Sousa fez hoje, na RTP1, uma excelente entrevista a António Feio. Aquilo que poderia transformar-se numa situação dolorosa ou lamechas (o actor sofre de um cancro no pâncreas e tem sido pública a luta que trava contra a doença), culminou num momento luminoso, tranquilo e simultaneamente comovente.

Sei que saiu recentemente um livro de entrevistas conduzidas por Judite de Sousa, mas não tive ainda oportunidade de o ler.

De qualquer forma quero aqui deixar o meu sincero aplauso para o trabalho desta noite, que se revestiu de características especiais e teve uma notável condução. Ainda há momentos assim na televisão pública!...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mais do mesmo...


A coligação de Direita, encabeçada pelo Dr.Fernando Seara, venceu as eleições para a CMS, realizadas no passado Domingo.

O Partido Socialista continua a ser o partido mais votado no Concelho, reforçando a sua responsabilidade na liderança da oposição à coligação Mais Sintra.

A CDU continuará, certamente, a ter um bom entendimento com o PSD e PP em Sintra e esperará manter a Presidência dos SMAS e alguns outros cargos na administração de empresas municipais, face ao resultado obtido.

O Bloco de Esquerda teve uma derrota estrondosa - alguma arrogância e auto-convencimento parecem não chegar para ganhar eleições.

A Drª Ana Gomes fez uma excelente campanha, andou no terreno, esteve próxima dos problemas dos sintrenses, empenhou-se profundamente neste combate, mas a desproporção de meios relativamente às duas candidaturas e a forma como os órgãos de Comunicação Social trataram de "silenciar" esta disputa em Sintra e "ignorar" a divulgação pública de muitos dos problemas deste Concelho, foram factores decisivos, num Mundo onde tantas vezes a aparência se sobrepõe ao concreto.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mudar Rio de Mouro!

O candidato do PS em Rio de Mouro chama-se Júlio Cortez Fernandes. Não vou aqui referir o seu vasto currículo e experiência autárquica, que facilmente poderão ser encontrados no site de campanha. Não vou também falar do respeito que tenho pelo seu passado de militante, "fundador" da secção do PS em Rio de Mouro. Quero apenas salientar duas outras coisas, para mim bem mais relevantes: o seu profundo amor por esta terra (que defende, intransigentemente, há muitos anos) e o seu conhecimento ímpar deste território e das suas gentes.

Face ao vazio (de ideias, de projectos, de ambição, de "in"-capacidade de reivindicação) que também na Freguesia de Rio de Mouro a coligação de Direita (PSD/PP) "construiu" nos últimos anos, para além de um conjunto de trapalhadas (ainda não totalmente esclarecidas) que recentemente foram notícia na Comunicação Social e que envolveram o actual Presidente da Junta, é urgente que se opere uma mudança e que essa mudança rasgue caminhos novos, arrojados, que vão ao encontro dos anseios e necessidades dos fregueses da nossa terra.

Cortez Fernandes, candidato do PS, é a escolha óbvia (e certa!) de quem quer um Rio de Mouro melhor e por isso é urgente que seja eleito Presidente da Junta de Freguesia no próximo Domingo.

A Verdade da Mentira

O Dr. Seara, candidato à Presidência da CMS pela coligação de Direita (PSD/PP), continua a distribuir propaganda de campanha onde apresenta como obra sua...a obra realizada por outrém, nuns casos com participação da CMS, noutros nem sequer isso!...

Se a campanha durasse mais uma semana e o desespero do candidato face a eventual derrota se acentuasse, ainda veríamos algum folheto da coligação de Direita a reivindicar influências na construção do Palácio da Pena!

Pode ler aqui a nota de Imprensa que o PS - Sintra divulgou e que desmonta esta "publicidade enganosa"! Afinal será esta a tal "verdade" na política de que tanto se gaba a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite?...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vitória!


Como é usual, na noite eleitoral das Legislativas de ontem, "todos" venceram - pelo menos a julgar pelas declarações dos diversos responsáveis partidários e pela "festa" que até quem ficou em último fez.

Mas, na realidade, existiram "dois" vencedores - o Partido Socialista e José Sócrates.

E três (enormes) derrotados - o Partido Social Democrata, Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva.

Tudo o resto é fait-divers ou poeira deitada para os olhos dos incautos.

Às calúnias, às deturpações, às canalhices de vão de escada, às tentativas de manipulação da opinião pública, às mentiras travestidas de meias-verdades, aos encontros furtivos com jornalistas em pastelarias da Avenida de Roma, aos "fantasmas" de "asfixias", à ausência de ideias e de projectos mobilizadores - o Partido Socialista e José Sócrates souberam responder com elevação, com confiança, com determinação, sem medo, sem sofismas, sem hesitações.

Sem maioria absoluta, cabe ainda assim ao PS liderar um futuro Governo e executar o seu Programa. E cabe à oposição a enorme responsabilidade de contribuir para soluções e para consensos, que nunca se fizeram com chantagens ou com intransigência. Sendo necessário, o povo será novamente chamado a decidir se o aventureirismo ou extremismo de alguns o impuserem - em Democracia há sempre soluções para os impasses.

Vêm aí as eleições Autárquicas - também em Sintra está na hora do eleitorado rejeitar a estagnação, o vazio de obra, o adiar do futuro. Vamos à luta!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Com o PSD no Governo foi assim - 3

2003 - Manuela Ferreira Leite ministra das Finanças - para tentar "tapar" o buraco do défice efectua uma operação de cedência de créditos fiscais e da Segurança Social ao Citigroup, que fica cara ao Estado: dos 11, 44 mil milhões de euros cedidos ao Citigroup em 2003, mais de 3,74 mil milhões foram substituídos por outros créditos cobráveis dos anos seguintes. Com esta substituição, o Estado cedeu ao Citigroup um montante total de créditos de cerca de 15,2 mil milhões de euros. (notícia do Correio da Manhã).


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A "obra" da Coligação PSD/PP em Sintra


Repare-se nos cartazes e na propaganda eleitoral dos candidatos de outros municípios que, sendo actualmente Presidentes dessas Câmaras, apelam ao voto para serem reeleitos - regra geral apresentam a obra feita. Destacam aquilo que construíram, que melhoraram, que mudaram.

Em Sintra, Fernando Seara, Presidente da Coligação de Direita PSD/PP... apresenta-se a si próprio e garante que agora a "dedicação" será total!... Efectivamente, se quisesse seguir o modelo dos Presidentes que fizeram obra digna desse nome nos seus municípios, Fernando Seara teria alguma dificuldade.

Apresentaria exactamente o quê?...

- o vazio de uma revisão do PDM que não fez?

- a inexistência de uma política de habitação, nomeadamente na promoção da venda e arrendamento de fogos a custos controlados para jovens?

- o "buraco" onde devia estar a Casa das Selecções?

- a ausência de uma alternativa de estacionamento no Centro Histórico?

- o espaço em branco das ciclovias?

- as piscinas virtuais em cada Freguesia?

- a reabilitação urbana "fantasma"?

- as DUAS novas escolas em OITO ANOS de mandato, sendo que numa caiu recentemente o tecto (Monte Abraão) e outra ainda está...por construir (Varge Mondar)?

- o lamaçal em que está transformado o antigo campo de jogos do RRM (clube de Rio de Mouro, Rinchoa e Mercês)?

- o prometido enterramento dos cabos de alta tensão que não passou precisamente dessa promessa?

- a "página em branco" em que se transformaram o parque urbano da Tapada das Mercês, o Centro Lúdico de Massamá e as Circulares Poente e Nascente ao Cacém?

- o Plano Estratégico do Professor Braga de Macedo que jaz numa qualquer gaveta da CMS?

- etc, etc, etc...

Como se pode ver, seria impossível à coligaçao PSD/PP e ao seu candidato, Fernando Seara, mostrarem na sua propaganda eleitoral a obra feita - a não ser que semeassem "outdoors" totalmente em branco por todo o Concelho.

domingo, 20 de setembro de 2009

Basta!


Manuela Ferreira Leite nasceu em 1940. Frequentou os liceus Maria Amália Vaz de Carvalho e D. João de Castro e terminou a sua licenciatura em 1963 - tinha, então, 23 anos de idade. Entre 1964 e 1973, Ferreira Leite trabalhou como investigadora da Fundação Calouste Gulbenkian. Deu aulas, igualmente, no ISCEF, entre 1966 e 1979, tendo pertencido ao Conselho Directivo (a partir de 1973).

Em 1968 (quando Manuela Ferreira Leite tinha, então, 28 anos de idade), Mário Soares foi deportado sem julgamento para S.Tomé e, dois anos mais tarde, obrigado a exilar-se em França, devido ao seu combate contra o Estado Novo. Anteriormente, fora preso pela PIDE 12 vezes, num total de quase 3 anos.

Em 1969, com 24 anos de idade, Alberto Martins (actual líder da bancada do PS na Assembleia da República), jovem estudante universitário em Coimbra, está no cerne dos acontecimentos da Crise Académica (protesto dos estudantes universitários contra o regime ditatorial) e acaba detido pela PIDE. Manuela Ferreira Leite tinha, então, 29 anos de idade e prosseguia a sua tranquila carreira profissional. Desconhece-se o que pensaria sobre esta Crise Académica e sobre a repressão do Regime.

Com 22 anos de idade, Manuel Alegre, ainda jovem estudante universitário, apoiou a candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República. Em 1962 é mobilizado para Angola, onde é preso pela PIDE e condenado a seis meses de reclusão na Fortaleza de S. Paulo, em Luanda, acusado de tentativa de revolta militar contra a Guerra Colonial. Regressa a Portugal em 1964. A ameaça de nova detenção e de julgamento pelo Tribunal Militar levam-no a passar à clandestinidade e a partir para o exílio. Tinha 28 anos de idade. Manuela Ferreira Leite terminara a sua licenciatura um ano antes e estava, tranquilamente, como bolseira da Gulbenkian na Alemanha.

Portugal foi assim durante os anos de chumbo da ditadura do Estado Novo. Um País de medo, de perseguição a quem pensava diferente, de polícia política, de bufos. Um País de gente analfabeta, de gente pobre, de gente a emigrar para tentar matar a fome, de jovens mutilados e mortos numa tremenda Guerra Colonial. Um País de Censura Prévia, de saudação fascista de braço estendido, de torturas em Caxias, em Peniche, de exílio num campo de concentração chamado Tarrafal. Um País onde alguns viveram tranquilamente, outros viveram com imensos sacrifícios e alguns ousaram dizer "não"! E entre os que ousaram dizer "não" estiveram muitos jovens, que trocaram o conforto das suas futuras carreiras académicas, para lutar pela Democracia e pela Liberdade - jovens comunistas, socialistas, católicos, republicanos. Mas nunca esteve a jovem Manuela Ferreira Leite.

É por isso que esta conversa de chacha actual (repito - conversa de chacha!) do "medo" e da necessidade de "defender a liberdade", vinda, ainda por cima, de gente que nem um dedo mexeu, nem uma palavra pronunciou, quando era realmente difícil e arriscado defender esses valores, é algo que me revolta profundamente. E quando essa "acusação" é dirigida contra um partido como o Partido Socialista que SEMPRE se caracterizou, ao longo da sua História, precisamente por prezar e defender a Liberdade e a Democracia, antes do 25 de Abril e também depois, no período do PREC, quando tal era igualmente difícil, há algo de absurdo e de incompreensível.

Não pode valer tudo em política. É preciso dizer de vez a Manuela Ferreira Leite e ao PSD que basta de demagogia e de hipocrisia em redor da questão do "medo" e da "falta de liberdade" na sociedade actual, que basta de agitar "papões" para caçar votos, que basta de lançar atoardas que nunca se comprovam apenas para denegrir um adversário político!

Sabemos que o modelo de "democracia" de Manuela Ferreira Leite, segundo a própria afirmou, é exemplificado pela gestão de Alberto João Jardim na Madeira. Agora digam lá se não é preciso ter muita "lata" para vir tentar dar "lições" de democracia ao partido de Mário Soares, Salgado Zenha, Tito de Morais, Jorge Sampaio, Alberto Martins, Manuel Alegre, António Guterres, António Arnaut, Ferro Rodrigues e tantos outros que tudo sacrificaram quando era arriscado (carreira, vida pessoal, vida familiar etc) para que este PSD e a sua líder pudessem, hoje em dia, exercer o seu direito à Liberdade?... Haja memória e respeito pela mesma!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Adriano Filipe


Adriano Filipe foi, é e será sempre um destacado militante do PS Sintra. Como Presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, a obra realizada fala por si e é amplamente elogiada, mesmo entre os seus adversários políticos. Frontal, directo, firme na defesa dos interesses da sua Freguesia e do Concelho de Sintra em geral, o Adriano é uma personalidade marcante do nosso meio e um verdadeiro amigo dos seus amigos.

Num momento em que, terminando o seu mandato, Adriano Filipe não será novamente candidato, nem integrará as listas do PS para outros órgãos autárquicos, quero aqui prestar-lhe a minha modestíssima homenagem pessoal, porque sou daqueles que acredita que a política sem afectos e sem reconhecimento do bom trabalho feito não é digna desse nome:

"Obrigado, Adriano! Até sempre. Até amanhã."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pergunta de algibeira


A negação do slogan "Dedicação Total", do PSD/PP, não está patente na candidatura a uma Junta de Freguesia, em Sintra, de um jogador de futebol profissional da equipa do Sporting?...

sábado, 12 de setembro de 2009

Haja memória!


"Assim, se chegar ao Governo, a dra. Ferreira Leite extinguirá o pagamento especial por conta que a dra. Ferreira Leite criou em 2001;

A primeira-ministra dra. Ferreira Leite alterará o regime do IVA, que a ministra das Finanças dra. Ferreira Leite, em 2002, aumentou de 17 para 19% ;

Promoverá a motivação e valorização dos funcionários públicos cujos salários a dra. Ferreira Leite congelou em 2003;

Consolidará efectiva, e não apenas aparentemente, o défice que a dra. Ferreira Leite maquilhou com receitas extraordinárias em 2002, 2003 e 2004;

Levará a paz às escolas, onde o desagrado dos alunos com a ministra da Educação dra. Ferreira Leite chegou, em 1994, ao ponto de lhe exibirem os traseiros."


Manuel António Pina - in, Jornal de Notícias

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Dedicação...total?...


Com a devida vénia:

"o defesa do 'sporting' marco caneira está a ser anunciado com pompa e circunstância como o candidato da coligação de direita à presidência da junta de freguesia de almargem do bispo, em sintra. curiosamente, ou talvez não, existe portanto a possibilidade de um homem do futebol vir a presidir a uma autarquia onde no século passado foi pela 'fpf' prometido aos portugueses que seria construído o futuro centro de estágio das selecções. espero que algum jornalista mais atento pergunte ao jogador leonino, agora travestido de político, em que pé é que está esta situação?"




sábado, 5 de setembro de 2009

Há "coisas" do Diabo...


Para quem está sedento de regressar ao Poder, dê lá por onde der, todos os métodos são válidos. Vivemos, assim, num período sinistro onde efectivamente parece valer tudo para atingir tal desiderato. Cartas anónimas para a PJ sobre determindos processos mediáticos e que rapidamente aparecem escarrapachadas na Imprensa e a abrir telejornais. Suspeitas lançadas sobre este ou aquele mas sempre de forma a que possam "enlamear" o Primeiro-Ministro ou o Governo. Vagas desconfianças de "espionagem" a Belém. Etc, etc, etc...

A "cereja em cima do bolo" parece chamar-se agora Manuela Moura Guedes (jornalista, ex-cantora de efémera fama, ex-deputada do CDS/PP) subitamente transformada em "mártir" a propósito da suspensão de uma "coisa" que ela apresentava às 6ª-feiras e que constituía o Telejornal da TVI nesse dia da semana. Sobre a "coisa" já praticamente tudo foi dito - confesso que, até hoje, não encontrei uma única opinião favorável ao dito "objecto pseudo-jornalístico", mesmo em confessos adversários do Governo e de José Sócrates. Adiante, portanto.

Resta a óbvia intoxicação da opinião pública, tentando arranjar um "culpado" para tal suspensão - e sendo o tal "culpado", obviamente, o Primeiro-Ministro, alvo predilecto da "coisa" durante meses a fio, num constante matraquear contra tudo o que vagamente tivesse a ver com o PS ou com o Governo. Ora o Primeiro-Ministro queixou-se da "coisa" em tempos - logo, se a "coisa" é suspensa a culpa é dele, claro!...

Qualquer semelhança entre este tipo de "conclusões" e um daqueles maus filmes de série B, não é pura coincidência, porque se há terreno propício para a demagogia populista (e maus argumentos cinematográficos) é o da ignorância e da imbecilidade.

Se há partido que, obviamente, perde com esta fantochada, junto da opinião pública, é o PS. Todos os outros (também obviamente) só podem ganhar com a sua exploração - e desde o PSD até ao PCP, passando pelo Bloco, não tem havido a mínima hesitação em "explorar" a "coisa" enquanto tal for possível, mandando às urtigas a mínima sombra de precaução perante toda esta "ópera bufa".

Para culminar até o Sr.Presidente da República, habitualmente tão contido e reservado perante outras questões (recordemos a anterior suspeição posta a correr por assessores do PR sobre "espionagem" do Governo a Belém, relativamente à qual nada quis dizer), não hesitou em fazer um discurso sobre a importância da liberdade de expressão e dos valores do 25 de Abril, pasme-se, a propósito da "coisa" e da "mártir" Moura Guedes!...

Estamos a viver um período sinistro onde o Partido Socialista (e sobretudo José Sócrates) surge como um "alvo a abater" sem dó nem piedade, ainda que para tal seja necessário recorrer à insinuação, à calúnia, à intriga, ao lamaçal. Uma oposição que não se questiona sobre a "validade" de certas "acusações" e que não hesita em dar crédito a qualquer calúnia para tentar ganhar votos só pode inquietar o vulgar cidadão.

Algo está, efectivamente, muito podre no Reino da Dinamarca...