Para quem está sedento de regressar ao Poder, dê lá por onde der, todos os métodos são válidos. Vivemos, assim, num período sinistro onde efectivamente parece valer tudo para atingir tal desiderato. Cartas anónimas para a PJ sobre determindos processos mediáticos e que rapidamente aparecem escarrapachadas na Imprensa e a abrir telejornais. Suspeitas lançadas sobre este ou aquele mas sempre de forma a que possam "enlamear" o Primeiro-Ministro ou o Governo. Vagas desconfianças de "espionagem" a Belém. Etc, etc, etc...
A "cereja em cima do bolo" parece chamar-se agora Manuela Moura Guedes (jornalista, ex-cantora de efémera fama, ex-deputada do CDS/PP) subitamente transformada em "mártir" a propósito da suspensão de uma "coisa" que ela apresentava às 6ª-feiras e que constituía o Telejornal da TVI nesse dia da semana. Sobre a "coisa" já praticamente tudo foi dito - confesso que, até hoje, não encontrei uma única opinião favorável ao dito "objecto pseudo-jornalístico", mesmo em confessos adversários do Governo e de José Sócrates. Adiante, portanto.
Resta a óbvia intoxicação da opinião pública, tentando arranjar um "culpado" para tal suspensão - e sendo o tal "culpado", obviamente, o Primeiro-Ministro, alvo predilecto da "coisa" durante meses a fio, num constante matraquear contra tudo o que vagamente tivesse a ver com o PS ou com o Governo. Ora o Primeiro-Ministro queixou-se da "coisa" em tempos - logo, se a "coisa" é suspensa a culpa é dele, claro!...
Qualquer semelhança entre este tipo de "conclusões" e um daqueles maus filmes de série B, não é pura coincidência, porque se há terreno propício para a demagogia populista (e maus argumentos cinematográficos) é o da ignorância e da imbecilidade.
Se há partido que, obviamente, perde com esta fantochada, junto da opinião pública, é o PS. Todos os outros (também obviamente) só podem ganhar com a sua exploração - e desde o PSD até ao PCP, passando pelo Bloco, não tem havido a mínima hesitação em "explorar" a "coisa" enquanto tal for possível, mandando às urtigas a mínima sombra de precaução perante toda esta "ópera bufa".
Para culminar até o Sr.Presidente da República, habitualmente tão contido e reservado perante outras questões (recordemos a anterior suspeição posta a correr por assessores do PR sobre "espionagem" do Governo a Belém, relativamente à qual nada quis dizer), não hesitou em fazer um discurso sobre a importância da liberdade de expressão e dos valores do 25 de Abril, pasme-se, a propósito da "coisa" e da "mártir" Moura Guedes!...
Estamos a viver um período sinistro onde o Partido Socialista (e sobretudo José Sócrates) surge como um "alvo a abater" sem dó nem piedade, ainda que para tal seja necessário recorrer à insinuação, à calúnia, à intriga, ao lamaçal. Uma oposição que não se questiona sobre a "validade" de certas "acusações" e que não hesita em dar crédito a qualquer calúnia para tentar ganhar votos só pode inquietar o vulgar cidadão.
Algo está, efectivamente, muito podre no Reino da Dinamarca...
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