Começo, desde já, por dizer que considero José Saramago um dos nossos grandes escritores, leio a sua obra com prazer e considero inteiramente merecido o Prémio Nobel da Literatura que lhe foi atribuído.
Posto isto, não considero José Saramago "intocável" nas suas opiniões e muito menos uma espécie de "sábio" a quem devemos "beber" as palavras. Vem isto a propósito das recentes declarações do autor onde rotula a Bíblia de um "manual de maus costumes". Não entendi bem se Saramago apenas se refere ao Velho Testamento ou também inclui o Novo. Se leu a Bíblia toda ou apenas partes seleccionadas. Se faz propositadamente tábua rasa de tudo o que tenha a ver com a importância histórica, sociológica, antropológica do Livro Sagrado. E não consegui entender nada disso porque Saramago se ficou pela generalidade, pelo soundbyte, pelo título para encimar jornais e abrir noticiários de TV e rádio - na maior das "profundidades" cai por vezes a "nódoa" da superficialidade, como se pode ver.
A fronteira entre a genialidade e o puro disparate é, por vezes, ténue. Lembremos que Jean Paul Sartre, num arroubo de paixão estalinista, declarou aos 4 ventos que "todo o anti-comunista era um cão". A vida tem destas coisas - e também a passagem de Saramago, no Verão Quente de 1975, pela Direcção do "Diário de Notícias" daria, certamente, todo um "manual de maus costumes", pelo menos em termos de tolerância e respeito pelo emprego de muita gente.
Como diria o Engº Guterres - "é a Vida!". E eu acrescento - "perdoais-Lhes, Senhor..."
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