sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Também não acredito em bruxas...


Recortes soltos:


"O caso Freeport, ocorrido em plena campanha eleitoral para as legislativas de 2005 por causa de alegadas suspeitas de corrupção sobre José Sócrates, vai amanhã a julgamento no 6.º Juízo do Tribunal Criminal de Lisboa. Neste julgamento está em causa o comportamento de um inspector da PJ, acusado de violar o segredo a que os funcionários estão obrigados. Mas o CM apurou que o Ministério Público pode vir a extrair certidões para um novo inquérito. Esta investigação visaria os elementos que terão estado na origem do que parece ser “uma tentativa de manobra com o fim claro de prejudicar José Sócrates na campanha eleitoral”, nas palavras de fonte conhecedora do processo.

Às 09h30 de amanhã, José António Elias Torrão, o inspector da Polícia Judiciária de Setúbal que esteve na origem das investigações, Inês Serra Lopes e Francisco Teixeira, ex-directora e autor da notícia no jorna ‘O Independente’ sobre o caso Freeport começam a responder por acusações de “um crime de violação de segredo por funcionário” e de “um crime de violação de segredo de justiça”.O despacho de acusação do Ministério Público e a decisão instrutória, a que o CM teve acesso, são categóricos sobre José António Elias Torrão, inspector que fez chegar a suspeita de corrupção no caso Freeport, no processo: “O arguido teve a possibilidade de ter acesso ao documento em causa e foi visto a efectuar fotocópias junto do auditório no hiato temporal em que o referido documento se encontrava [sem qualquer guarda] naquelas instalações.” O documento em causa é justamente o chamado busca n.º 2, uma espécie de lista de planeamento de buscas policiais “com toda a informação, quer seja ou não especulativa”, como refere o depoimento de Maria Alice Fernandes, coordenadora superior de Investigação Criminal na DIC de Setúbal da PJ, à procuradora adjunta Inês Bonina. Era a busca n.º 2 que referia José Sócrates e sua mãe, Maria Adelaide Carvalho Monteiro, como possíveis alvos da investigação da PJ, por suspeitas de corrupção relacionadas com a alteração da zona de protecção especial do estuário do Tejo, em benefício do projecto do Freeport, já em Governo de gestão do PS.

O Ministério Público deu também por “demonstrado o relacionamento deste arguido [inspector Torrão] com o jornalista Victor Norinha [que publicou a notícia sobre este caso na revista ‘Tempo’]”. Mais: “Acresce que o próprio arguido admitiu ter dito às testemunhas Acúrcio Peixoto, Maria Alice e Carla Gomes que fora o próprio quem entregara o documento ao jornalista.” Por isso, “considero que os indícios recolhidos em sede de inquérito são suficientes para formular um juízo [...] sobre a provável condenação do arguido”, conclui a Acusação. E diz ainda que “não existem dúvidas de que as notícias publicadas em ‘O Independente’ fazem referência a actos processuais que se encontravam em segredo de justiça”. Por isso, pronunciou os jornalistas.

MIGUEL ALMEIDA ERA "INFORMADOR DA PJ" - A PJ, na altura dirigida por Santos Cabral, reuniu elementos que sugerem a existência de uma cabala para tramar José Sócrates nas eleições legislativas de 2005. “Todo o processo parece ter sido dirigido para um fim e para o timing ser nas eleições [legislativas]”, frisou ontem ao CM fonte conhecedora do processo.Um documento do processo dos serviços do Ministério Público do Tribunal de Instrução Criminal refere essa hipótese: “Subsiste, assim, a hipótese de os acontecimentos se terem processado de forma diversa e de os factos terem sido cometidos por outras pessoas, igualmente interessadas em que o nome do candidato a primeiro-ministro do Partido Socialista aparecesse na imprensa como suspeito de investigação criminal relacionada com a sua actividade política.”O documento refere a existência de encontros entre elementos da PJ e informadores do caso Freeport: “Em Janeiro de 2005 os inspectores Torrão e Carla Gomes compareceram a dois encontros que se realizaram na Aroeira, na residência de Armando Carneiro [administrador da revista ‘Tempo’].”Mais: “Em relação a esses encontros o inspector Torrão declarou que [...] com o intuito de recolher informação para a investigação convocou um encontro em que estiveram também presentes Armando Carneiro, Victor Norinha, jornalista da revista [‘Tempo’] e Miguel Almeida [então chefe de gabinete de Santana Lopes e actualmente deputado do PSD].” O documento refere que “as pessoas presentes nessas reuniões eram informadores do processo”.

INFORMAÇÃO DE CARÁCTER ESPECULATIVO - As suspeitas sobre José Sócrates e sua mãe, Maria Adelaide Carvalho Monteiro, foram fundamentadas “apenas em informação de carácter especulativo que não permitia incluí-los na investigação”, defendeu Maria Alice Fernandes, coordenadora superior de investigação criminal da DIC de Setúbal da PJ no auto de inquirição como testemunha. Maria Alice explica que uma coisa era o processo, para onde se canalizava informação devidamente fundamentada, e outra são documentos policiais e concretamente os documentos de busca. Nestes últimos, explicou, “convém incluir toda a informação, quer seja ou não especulativa”, e que resulte da informação privilegiada do trabalho de investigação criminal.

SUSPEITAS DE RECEBIMENTO DE 500 MIL - inspectora Carla Veloso explicou no seu depoimento que as suspeitas sobre Sócrates assentavam no facto de haver informações “por parte de informadores”, de que este teria recebido 500 mil contos. Estes eram os “fortes indícios” contra Sócrates referidos na denúncia inicial anónima mas que não constavam no processo-crime. Ou seja, eram parte da informação de carácter especulativo referida pela coordenadora de Setúbal, Maria Alice Fernandes, que reconheceu “precipitação” no envolvimento do primeiro-ministro e da mãe."

(Correio da Manhã - 23/04/07)

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"O empresário Armando Jorge Carneiro revelou hoje em tribunal que, em 2005 e antes das legislativas, levou Miguel Almeida, ex-chefe de gabinete de Santana Lopes, a jantar com uma inspectora da PJ que acompanhava o «caso Freeport».

Esta testemunha falava durante o julgamento, em Lisboa, em que o ex-inspector da PJ de Setúbal José Torrão e os jornalistas Inês Serra Lopes e Francisco Teixeira, do extinto semanário «O Independente», são acusados de violação do segredo de justiça na sequência de notícias, publicadas em Fevereiro de 2005, sobre investigações ao «caso Freeport», que alegadamente envolviam o então líder do PS e actual-primeiro-ministro José Sócrates.

O caso Freeport, relacionado com o licenciamento desta obra em Alcochete quando o titular da pasta do Ambiente era José Sócrates, mereceu destaque nos media em Fevereiro de 2005, em plena campanha para as eleições legislativas, depois de terem sido noticiadas buscas da PJ e avançadas informações de que Sócrates estava a ser investigado, o que foi depois desmentido pela Direccão da PJ.

O ex-presidente do Conselho de Administração da revista «Tempo» contou em tribunal que o primeiro contacto que teve com José Torrão, que também é acusado neste julgamento de violação de segredo de funcionário, ocorreu, em Janeiro de 2005, na sua casa na Aroeira, tendo o ora arguido sido-lhe apresentado pelo advogado Bello Dias.

Questionado pelo juiz sobre o número de contactos que manteve com elementos da PJ de Setúbal em Janeiro e Fevereiro de 2005, incluindo encontros com a inspectora Carla Gomes e o inspector Peixoto, Armando Jorge Carneiro contabilizou seis, mas tentou negar que essas reuniões tivessem como motivação o «caso Freeport».

Num dos encontros com a inspectora, num bar em Setúbal, o empresário admitiu que entregou já perto da meia-noite, a pedido desta, um exemplar daquele que seria a manchete, no dia seguinte, do semanário «O Independente», sobre o «caso Freeport», em que se falava de um mandado de busca e em que apareci na primeira página a fotografia de José Sócrates.
O empresário teve dificuldades em explicar porque razão decidiu levar Miguel Almeida, actual deputado do PSD e figura próxima de Santana Lopes (à data primeiro-ministro) a jantar, em Setúbal, com a inspectora da PJ, alegando que nessa dia estava muito cansado e pediu àquele seu amigo para conduzir.

No jantar, onde o ex-chefe de gabinete de Santana Lopes foi apresentado como «Miguel», a testemunha revelou que a inspectora da PJ se mostrou «stressada» , «nervosa» e com receio de estar a ser alvo de vigilância ou perseguição, pois via carros suspeitos.
Miguel Almeida terá explicado que se fossem carros do SIS (Sistema de Informações e Segurança) estes teriam necessariamente matrícula registada na Direcção-Geral do Património.
A procuradora do Ministério Público quis saber se a testemunha tinha ligações a partidos políticos, ao que este disse que não, dizendo porém que na adolescência militou na Juventude Centrista (JC).

Quando aos políticos que conhece melhor pessoalmente, a testemunha indicou Pedro Pinto e Santana Lopes (PSD), bem como Paulo Portas (CDS/PP) e Manuel Monteiro, antigo líder da JC e do CDS/PP. Quanto a Miguel Almeida disse ser «visita de sua casa».
Destes, assegurou que só trocou impressões sobre o «caso Freeport» com Miguel Almeida e que nunca acompanhou muito de perto o lado jornalístico das investigações, que estava a cargo de Victor Norinha e de outros membros da equipa redactorial da extinta revista «Tempo».
No decurso da audiência e em resposta a uma pergunta do juiz, Armando Jorge Carneiro admitiu que, no decurso deste caso, estabeleceu contacto com um amigo que tinha no SIS, porque suspeitava que estava a ser vigiado por carros que pensava ser da PJ ou do próprio SIS, tendo anotado o número das matrículas.

Segundo disse, o amigo do SIS ter-lhe-á garantido que os carros «eram da Presidência do Conselho de Ministros».

Quanto aos inspectores da PJ de Setúbal, a testemunha assegurou que nunca lhe forneceram pormenores ou documentos sobre a investigação do «caso Freeport».
Em sessão anterior, José Torrão negou que tivesse fotocopiado documentos relativos ao «caso Freeport», apesar de ter sido captado pela videovigilância interna da PJ a fotocopiar papéis a 09 de Fevereiro de 2005. Este alegou que estava a fotocopiar documentos pessoais para solicitar um empréstimo bancário.

As afirmações de Armando Jorge Carneiro levaram hoje o MP a pedir a reinquirição de outras testemunhas, incluindo a inspectora Carla Gomes, o que deverá atrasar as alegações finais do julgamento, que chegaram a estar previstas para hoje."

(Diário Digital - 01/06/07)


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"O Ministério Público indiciou quinta-feira o deputado social-democrata Miguel Almeida por um crime de abuso de poder no âmbito da investigação à atribuição de casas pela Câmara de Lisboa, disse o próprio à Agência Lusa.

Os sociais-democratas Pedro Santana Lopes e Helena Lopes da Costa foram também constituídos arguidos no mesmo processo, que se passou no mandato de Santana Lopes à frente da autarquia da capital.

«Em causa estão crimes alegadamente praticados num processo de atribuição de fogos para habitação social», alvo de um inquérito que corre no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
O Parlamento levantou em Setembro a imunidade parlamentar a Miguel Almeida, Helena Lopes da Costa e Pedro Santana Lopes.

Durante o mandato de Santana Lopes, foram atribuídos 155 fogos municipais, entre Dezembro de 2001 e Julho de 2004, e mais seis meses em 2005, quando regressou à Câmara depois de ser destituído do cargo de primeiro-ministro pelo presidente da República e perdido as eleições que se seguiram.

Miguel de Almeida escusou-se a comentar as acusações de que é alvo."

(Portugal Diário - 28/11/2008)


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"A Comissão Política do PSD confirmou esta terça-feira a escolha de Pedro Santana Lopes para encabeçar a candidatura do partido à Câmara Municipal de Lisboa. A nomeação do antigo líder dos sociais-democratas para a corrida à autarquia da capital foi consensual, indicou o vice-presidente do PSD Castro Almeida.

A decisão da Comissão Política Nacional dos sociais-democratas foi anunciada por Castro Almeida após uma reunião que se prolongou pela tarde de terça-feira. A escolha de Pedro Santana Lopes, proposta pela líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite, mereceu o consenso dos membros da Comissão Política, revelou o coordenador autárquico do partido."

(RTP - 16/12/08)

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"A liderança do PSD deveria ser substituída se, após “um exame de consciência”, concluir que não será capaz de derrotar José Sócrates nas legislativas de Novembro, sustenta Alberto João Jardim. O líder do PSD Madeira manda outro recado à direcção nacional ao afirmar que “é cedo para escolher os candidatos para as autárquicas”. O primeiro-ministro foi apontado como “o maior inimigo da Madeira desde o 25 de Abril”.

(RTP - 09/01/09)

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"Jardim admitiu ter conversado com a líder social-democrata na quinta-feira: “A dra. Ferreira Leite disse-me, e não estou a cometer nenhuma imprudência, que estivesse descansado que iria ganhar ao Sócrates.”

(Publico - 16/01/09)

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"Investigação SOL


Ingleses investigam contactos entre Sócrates e representantes do Freeport."


(Sol - 24/01/09)

Segredo de Justiça

Um grupo de juízes decidiu agora acusar o Ministério da Justiça de estar a violar o segredo de justiça com o Citius, programa informático que transforma processos em forma digital e que permite a prática de actos judiciais também por essa via.

Na mesma altura em que praticamente todos os dias são revelados nos jornais e TV´s "documentos", "mails", "cartas rogatórias", etc, tudo peças que deviam estar em segredo de Justiça e que, pelos vistos, saltitam nas redacções a propósito da questão do Freeport e (obviamente) visando o Primeiro-Ministro, José Sócrates, não deixa de ser curiosa esta preocupação com um simples programa informático...

Aliás, como se viu durante o processo "Casa Pia" e agora na temática "Freeport", esta questão do segredo de Justiça e a manipulação de informação parece que é muito "relativa - sobretudo quando há políticos do PS na berlinda, pelos vistos...

Se calhar a culpa é do...Citius.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A matilha



Numa altura em que a pulhice parece caminhar para nova escalada, reproduzo crónica de Baptista-Bastos publicada no "Diário de Notícias" de hoje:


VIVER EM PORTUGAL


"Andamos todos ressabiados. Invejamo-nos, desprezamo-nos; se os outros não tiverem defeitos, inventamo-los; deixámos de ser transeuntes, cidadãos: trespassamo-nos com a indiferença, o ressentimento e o ódio. A notícia da prisão deste ou daquele, banqueiro ou vizinho, amigo ou inimigo, lança no nosso íntimo uma alegria obscena. Não vivemos - existimos no pequeno mundo de obcecações que nos cegam. Que nos aconteceu? Quem nos roubou a humanidade que permite a clarividência e a energia necessárias para suportar a adversidade, a mentira, a infâmia? Tudo nos conduz e nos empurra para um futuro ainda mais amargo, mais confuso e ambíguo do que este presente. E, no entanto, é preciso perceber que o comportamento individual pode responder às exigências dos grandes compromissos e das grandes fidelidades.

Todos os dias as notícias são medonhas. Todos os dias tomamos consciência de novas verdades, de novas mentiras e de constantes tentações para a irresponsabilidade. Aquele vai embora e nem um breve aceno lhe concedemos. Aqueloutro foi despedido e a nossa impassibilidade é um muro gelado. Que fizemos de nós? Nós, que somos a nossa própria criação e a criação do outro. Foi esquecida a condição de todos, que considerava a condição de cada qual. As coisas revolutearam confusamente; mas as coisas não aconteceram por acaso. Não conseguimos manter intacto o que era fundamental. E estamos envolvidos numa perplexidade sem limites que provoca desassossegos desnecessários.

Bom. Não gosto daquilo que o eng.º José Sócrates representa, dos caminhos ínvios para os quais conduziu a pátria e nos compeliu. Porém, ele é o resultado da nossa imaturidade e da nossa atonia cívica e ideológica. Sócrates não tem convicções. Nós, também não. Vogamos ao sabor das contingências. Sócrates, obcecado pelo seu destino individual, tripudiou sobre o nosso futuro comum. Não gosto dele porque nos fez admitir a política do irremediável. Porém, este caso do Freeport fez-me reflectir sobre a natureza da indignidade e os fundamentos da sordidez. Nos últimos três anos, o homem foi acusado de forjar uma licenciatura, de ser homossexual (uma acusação abjecta, com remetente conhecido) e, agora, de estar envolvido numa tecelagem de corrupção. A história escora-se numa trama obscura, mas o estilo caracteriza a procedência. Não pertenço à matilha. As desprezíveis fugas de informação parecem obedecer a um calendário político. Seria Sócrates muito tolo, e não o é, acaso se se deixasse enredar numa teia tão rudimentar e insensata quanto os noticiários no-lo revelam. Creio que esta ruideira não o afectará politicamente. Lembram-se da campanha contra Sá Carneiro? Viver em Portugal é perigosíssimo."

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Indignação!


A entrevista de Mário Crespo ao Ministro Pedro Silva Pereira, na SIC, foi algo de inenarrável - só visto, mesmo!

Querendo ser "incómodo" a propósito do recente "caso Freeport" acabou apenas a ser mal educado, provocador, cínico. É inconcebível que um jornalista digno desse nome tenha este tipo de comportamento, com à-partes, com ironias, com a tentativa clara de descredibilizar o entrevistado. Em certos momentos Mário Crespo pareceu um daqueles (maus) polícias das fitas de série B tentando intimidar um "prisioneiro", só faltava o foco de luz nos olhos...

Recordei-me de uma anterior entrevista, no mesmo canal, de Mário Crespo a Alberto João Jardim - sorrisos cúmplices, mesuras, zero de perguntas incómodas para o dirigente madeirense (que, ainda por cima, o recebia no seu palácio, no seu território...), zero de provocações a propósito de uma forma de governação que o jornal espanhol "El Pais" comparou recentemente a...Kadhafi!...

Já conhecíamos os Jornais da Noite da TVI, especialmente com Manuela Moura Guedes ao leme, nos quais o PS, o Governo, Sócrates, as medidas do Governo, as propostas do PS, os militantes do PS, os Ministros do Governo e assim por aí fora, são alvo preferencial de ataques, de piadas, de ironias, todas do mais "fino recorte", todas consubstanciadas em reportagens, comentários, intervenções sucessivas que habilmente conduzem os telespectadores a concluir que "efectivamente este PS é um bando de malandros, bolas!...".

Mário Crespo, com esta entrevista a Pedro Silva Pereira, esteve ao mesmo (baixo) nível.

Trinta e quatro anos após o 25 de Abril, como Português, cidadão deste País e militante do Partido Socialista quero aqui deixar registo da minha profunda indignação e um singelo desabafo perante tudo isto:

CHEGA! BASTA! Deixem que o POVO decida sem lavagens ao cérebro contínuas!

Vale tudo...


Tenho lido por aí alguns textos onde algumas pessoas ligadas ao PSD surgem com um mal disfarçado entusiasmo, especulando sobre a eventualidade deste partido poder vencer as próximas eleições legislativas...apesar de ter menos votos do que o PS!... Tudo isto fruto, obviamente, de uma qualquer singularidade do sistema eleitoral que alguém parece ter agora descoberto.

Já sabíamos que o PSD pretendia vencer eleições sem apresentar ideias ou propostas alternativas. Agora ficamos também a saber algo mais - que já está disposto a ganhar...sem votos.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Um grande Português

Faleceu o ex-presidente da Assembleia da República, Fernando Amaral, aos 84 anos, em Lamego, sua terra natal.

Nascido a 13 de Janeiro de 1925, Fernando Monteiro do Amaral era licenciado em Direito e foi Vereador da Câmara Municipal de Lamego, Presidente da Assembleia Municipal de Lamego e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Exerceu funções de Deputado à Assembleia Constituinte e de Deputado à Assembleia da República nas I, III, IV, V e VI Legislaturas. Foi Ministro da Administração Interna e foi posteriormente Ministro adjunto do Primeiro-Ministro, nos 7.º e 8.º Governos, respectivamente. Exerceu as funções de Vice-Presidente e Presidente da Assembleia da República durante três mandatos (1983-1987), não tendo sido reconduzido no cargo quando Cavaco Silva obteve a 1ª maioria absoluta. Entre 1985 e 1987 foi designado para o cargo de Conselheiro de Estado. Nos dois anos seguintes foi Deputado à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, da qual foi também Vice-Presidente. Foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.

Paz à sua alma e que fique o seu exemplo de Homem íntegro e de grande Português para as novas gerações.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Lodo II

Parece que já poucos se lembram da intensa campanha do extinto jornal O Diário e do PCP contra Francisco Sá Carneiro, 1º Ministro, líder do PSD, no início dos anos 80, a propósito de negócios com o Banco Espírito Santo.

Sucederam-se os artigos a achincalhá-lo diariamente, milhares de pinturas pelas paredes do País("Carneiro caloteiro, paga o que deves..."), pedidos frequentes de demissão, reproduções humorísticas de notas de Escudo com a efígie do "acusado", etc.

Até um livro foi publicado, pel´O Diário, sobre a "negociata" - chamava-se "Watergate Sá Carneiro - História de uma Fraude".

Parece que alguns já se esqueceram - sobretudo entre aqueles que, por tudo e por nada, evocam, no presente, o nome de Francisco Sá Carneiro...

Lodo...


"A calúnia é pior do que as armas de guerra - estas ferem de perto; aquela, de muito longe"


Talmude - textos judaicos

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

É hora!


Barack Obama tomou ontem posse como Presidente dos Estados Unidos da América (e também um pouco do resto do Mundo...). De repente, valores como a ética, a compaixão pelos mais fracos, a honra, a tolerância, etc, parecem ter aproveitado a ocasião para sair do armário, depois da longa "hibernação" durante um certo "Inverno economicista"...

Obama é um sobressalto num planeta que viveu demasiado tempo num embalo cínico. Estou certo que, sendo imperfeito como todos nós, terá momentos de erro e hesitação. Mas nem isso impede este homem de ser um imenso grito de alívio num Mundo onde o politicamente correcto semeou úlceras e medo.

Vão agora surgir muitos a tentar vestir este novo fato, mas o mesmo vai ficar-lhes sempre apertado e sufocá-los-á. Usarão as palavras certas mas nada fará sentido. Serão persuasivos mas a máscara cairá na primeira curva.

Há momentos em que é preciso perdermos o medo. Olharmos de frente aquilo em que acreditamos. Arriscar sem rede. Só temos esta Vida e seremos confrontados com o que fizemos com ela.

Evocando Abraham Lincoln, o Presidente que Barack Obama elegeu como modelo:

"Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente".

Sobressaltemo-nos - é hora!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Tropeções


Com a devida vénia, transcrevo o editorial do "Diário de Notícias" de 18 de Janeiro p.p.:

"As opiniões de Manuela Ferreira Leite sobre o TGV têm vindo a revelar bastante ligeireza a tratar de um assunto muito relevante para Portugal. Vamos por partes. A construção do TGV foi sancionada, em 2003, por um acordo entre Portugal e Espanha, assinado na Figueira da Foz, pelo então primeiro-ministro, Durão Barroso e pela ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite. Só isto já devia levar a algum recuo a líder do PSD, e impedi-la de dizer hoje, mesmo sob o argumento da crise, que uma vez chegada ao Governo se "risca por completo" o projecto.

Por outro lado, um governo de um país da União Europeia não pode, ou não deve, denunciar unilateralmente acordos com outros Estados membros. A construção do TGV tem apoios comunitários atribuídos a esta obra em concreto. É demagogia defender a reorientação do investimento quando as normas da UE não permitem a transferência das verbas. E, no fim da linha de argumentação, podemos questionar-nos se Portugal pode ficar de fora do projecto de Alta Velocidade Europeu.

São estas questões, ainda mais sérias em tempo de crise, que os portugueses querem e devem ter respondidas e problematizadas. Isso e não politiquice, como as acusações - infundadas - feitas à Lusa. Quem exige, e bem, que em política é preciso falar verdade não pode revelar tal propensão para a falta dela. A um candidato a primeiro-ministro exige-se o trabalho de casa. E Ferreira Leite, manifestamente, não o fez. "

Nem mais!...

P.S. - Ontem, no encerramento do XVIII Congresso do PSD/Açores, em Ponta Delgada, Manuela Ferreira Leite acusou o primeiro-ministro, José Sócrates, de ser "o coveiro da pátria". Não há dúvida - a senhora está de cabeça perdida e alguém devia aconselhar-lhe, rapidamente, novo período de silêncio!...

sábado, 17 de janeiro de 2009

75 anos do "Jornal de Sintra"


O "Jornal de Sintra" comemorou recentemente 75 anos de existência. No âmbito das iniciativas para celebrar estes 75 anos (onde se incluem exposições, publicação da história do jornal, etc), a CMS decidiu atribuir-lhe, muito justamente, a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro.

Como "breve" colaborador do jornal nos "longínquos" anos 80 (ver aqui), deixo, apenas, uma pequena nota de estranheza neste momento de celebração - que o nome de Maria Almira Medina, filha do fundador deste jornal, ex-directora do mesmo, insigne escritora e artista plástica de Sintra, tenha sido tão pouco referido (em certas situações, até ignorado) neste momento de evocação da história de algo que é profundamente seu, quanto mais não seja pelos laços de sangue com o seu fundador, António Medina Júnior.

Relembro, ainda, outro grande jornalista e conhecedor profundo de mil e uma histórias de Sintra, que foi também, durante alguns anos, colaborador regular do "Jornal de Sintra" - José Gutierrez. Espantou-me não ver nem uma linha escrita, nesta hora de evocação da história do jornal, sobre este ilustre colaborador do mesmo em tempos idos e que, infelizmente, já não está entre nós.

Existiram "vários" Jornais de Sintra" ao longo dos anos, em função de quem dirigia os seus destinos, do contexo económico, histórico, etc. Mas a História do "Jornal de Sintra" (que é, também, parte da História recente de Sintra) é apenas uma - e as molduras "vazias" na parede reclamam quem as preencha. Deixo o desafio para quem, mais do que responsabilidade, tem esse dever, face à pretensão de relembrar e "consolidar" a História (integral) desta publicação.

Parabéns, "Jornal de Sintra"!...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Estratégias...

Em 2004 o Dr.Fernando Seara, Presidente da CMS, foi um dos "professores" convidados da Universidade de Verão do PSD, que se realizou em Castelo de Vide. Os interessados poderão ler aqui a transcrição dessa intervenção do Dr.Seara e do diálogo estabelecido com a assistência - garanto que a leitura vai valer a pena.

Gostaria, contudo, de destacar este pequeno excerto que considero verdadeiramente "delicioso" e onde o actual Presidente da CMS dá conta da estratégia usada para "conquistar" Sintra:

"A minha estratégia para Sintra foi muito clara: nas Freguesias rurais não tinha
muitas hipóteses de entrar, porque estão dependentes da Igreja e a Igreja está
relacionada com o poder. Principalmente onde a necessidade de novos espaços é
real. Eu fiz a campanha nas duas cidades. Estudei o concelho demograficamente,
socialmente, etariamente. E pensei: qual é a freguesia de Queluz onde tenho
hipóteses? Massamá. É aquela que tem maior taxa de licenciados. É aquela que tem
maior número de restaurantes da média burguesia. É aquela que tem as casas entre
40 e 60 mil contos. É aquela que está mais descontente porque nos dias de chuva
começa a bicha dentro da garagem para entrar no acesso à via da Rua Direita.
E lá estava eu: Massamá, 7.30 da manhã, a chover, na rotunda a distribuir papel.

Depois Rio de Mouro. É a freguesia de Portugal com maior número de benfiquistas.
(PALMAS). Era a freguesia que há 25 anos era dominada pelo PCP, (eu escrevi isto
para uma revista americana de ciência politica) numa aliança estratégica
PCP/Presidente de Junta, que era uma senhora professora primária, aliada à Igreja
Católica, porque era membro da Juventude Operária Católica (a JOC), catequista. E
o PCP dominava.
A primeira aliança táctica que fiz foi com a Igreja. Sabem qual foi? Descobri que o
padre era do Benfica (RISOS E PALMAS) – quebrado o 1º elemento. Segundo, eu
estive ligado a uma congregação religiosa e estive no colégio, congregação a que
tinha sido concedida a evangelizacão na cidade de Agualva-Cacem, Mira Sintra, S.
Marcos. Eu tinha uma ligação afectiva por ter ajudado nos meus tempos de humilde
jurista a resolver um problema que eles tinham ali. E assim entrei em Rio de Mouro.
Foi a maior desilusão do PCP. Perdeu uma freguesia emblemática. Coisa
impensável: transferiu-se do PCP para o PSD. Ainda hoje estão para perceber.
(RISOS). (...)"

Mais palavras para quê?... Creio que este pequeno excerto fala por si. Uma coisa é certa: alguns párocos até podem ser do Benfica mas há sempre aquele velho ditado que diz - "Deus não dorme"...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Um lamento selectivo


O eurodeputado Miguel Portas (também deputado municipal em Sintra) foi até Gaza, integrado numa visita de alguns eurodeputados àquele território. Como era de esperar, o eurodeputado Miguel Portas "exigiu o cessar-fogo" e a "retirada imediata das tropas de Israel". Também como era de esperar lamentou as baixas entre os civis, a destruição, o cenário de guerra naquela faixa de território e entre a população palestiniana.

Já sobre as centenas de rockets continuamente lançados pelo Hamas sobre território israelita (sobre população civil israelita), sobre o facto do Hamas estabelecer os seus "quartéis" em mesquitas e no meio das habitações de civis palestinianos (tornando-os alvos, igualmente, de qualquer ataque de retaliação) e sobre o fanatismo extremista de uma organização que utiliza crianças como "combatentes" e "mártires" e em nada tem contribuído para encontrar uma solução pacífica para aquela zona do Globo (antes pelo contrário) - não li ou ouvi em parte alguma, até agora, uma única palavra de censura por parte do eurodeputado Miguel Portas.

Hoje, num dos noticiários de TV das 20 horas, vi imagens de um cidadão israelita que questionava o repórter português: "- Imagine que a Espanha, durante anos a fio, mandava rockets para território português, atacando continuamente civis portugueses! Portugal não fazia nada? Não reagia? Não fazia nada?..."

Talvez o eurodeputado Miguel Portas lhe soubesse responder...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Combustíveis 1 - Acessos 0


Em Rio de Mouro está praticamente concluída a bomba de combustíveis situada junto à via de acesso ao IC19. Com obras que foram agilizadas de noite e de dia, rapidamente a bomba de combustíveis foi erguida no lugar onde antes se encontrava a pequena sede e instalações desportivas do Rio de Mouro, Rinchoa e Mercês / RRM. Certamente em breve já estará a laborar.

Já no que diz respeito à obra que há-de culminar com novos acessos ao IC19 e (suponho...) um novo campo de jogos para o RRM, parece que a "rapidez" já não é a mesma, muito embora seja também da responsabilidade de quem está a construir a tal bomba de combustíveis e decorreu de uma contrapartida negociada com a CMS. Com efeito, obra acabada ou trabalhos com o mesmo ritmo com que foi construído o posto de combustíveis é coisa que não se vê - e eu passo no local todos os dias...

Neste momento temos, assim, o IC19 alargado em praticamente toda a sua extensão (obra efectuada pelo actual Governo, sublinhe-se) e um "afunilamento" absurdo nos acessos de e para Rio de Mouro, acessos estes que sempre foram da responsabilidade da Câmara Municipal de Sintra mas que, pelos vistos, não foi possível concertar para que estivessem concluídos a par do alargamento da via principal, nem se vislumbra quando estarão.

Singularidades de Sintra governada por uma maioria de Direita...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A entrevista do PM à SIC


José Sócrates esteve muito bem na entrevista que deu à SIC. Sóbrio, apresentando medidas concretas, realista mas sem "embarcar" em pessimismos exagerados, o Primeiro-Ministro foi a imagem daquilo que necessitamos em tempos de crise internacional - rigor, capacidade de reacção às actuais dificuldades económico-financeiras, liderança segura para construir novos rumos.

Se há coisa que o País dispensa bem nesta altura é a atitude derrotista e do "quanto pior, melhor" de alguns arautos da oposição, sempre disponíveis para "deitar abaixo" mas que batem rapidamente em retirada quando questionados sobre quais as soluções alternativas que defenderiam, caso estivessem no Governo.

No caso do PSD, que deixou um défice brutal de 6,8% e um rasto de "trapalhadas" na governação que culminaram com o "consulado" de Santana Lopes (o "menino-guerreiro...), é ainda mais confrangedor assistir ao vazio de ideias ou propostas alternativas, baseando praticamente toda a sua atitude oposicionista na mera maledicência, ataque pessoal ao Primeiro-Ministro e "cavalgar" da mais ínfima insatisfação face a qualquer reforma inadiável.

O que se exige a um verdadeiro estadista é a capacidade de apontar um caminho, de incentivar nos momentos difíceis, de não baixar os braços, de combater o derrotismo - é isso que José Sócrates tem feito, na linha de outros dirigentes do PS que também no passado souberam enfrentar os momentos complicados e levar Portugal a bom porto.

Aliás, essa parece ser a "sina" do PS - governar em momentos de crise e de poucos recursos e vir "arrumar a casa" depois da Direita (PSD/CDS) a deixar em "pantanas" e ter desbaratado os amplos recursos de que dispunha sem fazer verdadeiras reformas (basta evocar os anos de Governos cavaquistas)...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Um partido "suspenso"


O PSD prepara-se para apresentar um projecto de Lei sobre a suspensão do modelo de avaliação dos professores. Sublinhe-se - sobre a suspensão do modelo de avaliação dos professores.

Isto é - o PSD na falta de ideias concretas e alternativas sobre um verdadeiro modelo de avaliação dos professores, opta pela via mais fácil que é a de... suspender tudo e nada se fazer, pretendendo "cavalgar" a onda de insatisfação de uma classe profissional e colocando na gaveta o sentido de Estado que um partido que se pretende alternativa de Governo deve ter perante questões complexas e reformas difíceis!...

Há quem chame a isto demagogia - eu acho que é apenas a triste realidade de um partido à deriva, sem chama, sem liderança, refém de todos os populismos e incapaz de ser uma real alternativa para governar Portugal.

O discurso de fim de Ano do Sr.Presidente da República


Que discurso de fim de Ano teria feito o Presidente Cavaco Silva com um Governo do Primeiro-Ministro Cavaco Silva no Poder?... Teria mostrado preocupação com o desbaratar dos milhões da CEE em obras de fachada e em "betão"?... Teria feito um ar compungido perante as situações públicas de dinheiro destinado a Formação Profissional que acabavam sob a forma de Ferraris reluzentes?... Teria alertado para a "explosão social" que culminaria com o bloqueio na Ponte 25 de Abril?... Teria olhado de frente as câmaras, com os olhos brilhantes de comoção, evocando as famílias na miséria na regiao de Setúbal?... Teria alertado para a "factura" para as gerações futuras de um défice superior a ...10%?... Teria dado uma palavra de pacificação sobre os conflitos entre polícias no Terreiro do Paço?...

Como diria Marcel Proust: " A realidade apenas se forma na memória; as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem verdadeiras flores"...