sexta-feira, 28 de maio de 2010

Jota Noves Fora Nada...



"Ao longo destes dois últimos anos, o seu suposto discurso ‘liberal’ tem-se notabilizado essencialmente por uma série de frases soltas que têm o condão de ser contrariadas pelos factos (privatização da Caixa Geral de Depósitos) ou pela necessidade de uma agenda que o obriga a dizer o mesmo e o seu contrário (defesa do investimento público e posterior crítica a esse mesmo investimento público, defesa de uma moção de censura se se provar que o primeiro-ministro mentiu na Assembleia e posterior declaração de que as eleições só se devem realizar em 2011, para dar apenas dois exemplos). Sobra ainda a artificialidade da pose, o culto da imagem e a ligação ao aparelho que é, hoje, um dos principais cancros do partido. O dr. Passos Coelho saiu da Jota. Infelizmente, dá ideia de que a Jota nunca conseguiu sair dele.»


Constança Cunha e Sá, sobre Pedro Passos Coelho, líder do PSD - in Correio da Manhã - Março 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Teatro de sombras


Alguém consegue entender a oportunidade ou justificação para uma entrevista hoje, em horário nobre, no programa de Judite de Sousa, a Francisco Pinto Balsemão?... Terá sido apenas para sabermos que lhe chamavam "Chiquinho" em privado ou ouvi-lo declarar que gosta muito de senhoras?... Ou terá sido porque já cheira a regresso ao Poder para os lados do PSD e os sinais começam a ser mais do que evidentes?...

Amanhã o PCP apresenta uma moção de censura ao Governo para mostrar que está vivo. No Sábado a já habitual "manifestação das massas" na Avenida, sempre enche o olho e o tempo até parece que está bom para passeatas na Baixa e trincar um gelado. Diogo Leite Campos, economista e militante laranja declarou hoje, em entrevista a Mário Crespo, na SIC, que o PSD se vai abster na moção de censura do PCP, embora "censure profundamente" este Governo, que devia levar "uma vassourada" - deve ser esta a "coragem política" do PSD! Espectacular! O "abismo" está aí à esquina, propagam as hostes laranja - mas o PSD acha que não é ainda tempo de se aborrecer com as dificuldades da governação e a Nação que se lixe, que fique por lá o PS!... Revelador...

Associações patronais, banqueiros, gente profundamente sábia da Direita, aproveita a crise mundial para tentar "recuperar posições", isto é, parece que a "culpa" de tudo isto é dos funcionários públicos, das classes médias e dos trabalhadores em geral, habituados (indevidamente) a ter salário, não poderem ser despedidos por que sim, arrecadarem subsídios de férias e de Natal e outras mordomias inacreditáveis, incluindo horários de trabalho, fins de semana para descansar e pagamento de trabalho extraordinário! Se regressarmos à "pobreza honesta" e acabarmos com esta mania de quem tem menos recursos querer dar educação aos filhos e viver com um mínimo de dignidade (tudo "luxos"!), então a Pátria estará salva, os banqueiros dormirão mais descansados e os lucros subirão às alturas!...

Aleluia!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Europa numa encruzilhada


Uma nuvem de poeira com origem num vulcão islandês tem pairado sobre a Europa, nos últimos meses, perturbando o tráfego aéreo. Tal como essa nuvem de poeira, paira igualmente sobre o projecto político e económico europeu uma enorme nuvem cinzenta de pessimismo e dúvida. A palavra “crise” instalou-se definitivamente nas primeiras páginas dos jornais e começa a doer na pele (e na bolsa) de muitas famílias por essa Europa fora, incluindo as portuguesas, com os sacrifícios a que são submetidas pelos Governos respectivos, tentando equilibrar frágeis orçamentos nacionais.

Uma crise que começou por ser financeira (e que teve origem – será bom não o esquecer – num quadro de desenfreada especulação financeira e numa “bolha” artificial criada pelos grandes especuladores financeiros a nível global) degenera agora numa crise social de contornos ainda indefinidos. Os mercados reagem de forma quase esquizofrénica – “afundam-se” perante a perspectiva de elevados défices e da possibilidade de incumprimento por parte das Nações; mas também não recuperam nem se animam quando são tomadas as medidas restritivas que, teoricamente, levariam a tal reacção. Temem o incumprimento – mas também a recessão a que algumas medidas restritivas poderão conduzir. No entretanto, as famílias da classe média sentem-se “acossadas”, vêem os seus rendimentos reduzidos mas os encargos contraídos manterem-se ou até crescerem, temem o futuro, não entendem que todas as “facturas” lhes sejam impostas quase sempre em exclusivo.

Tal como na Revolução Industrial, vivemos uma era de profunda mudança política, social e económica. Se no século XIX se registaram profundas alterações no modelo produtivo, com os movimentos migratórios dos campos (agricultura) para as cidades (fábricas) e a “exclusão” de muitos milhares que não se adaptaram ou não conseguiram integrar-se nesse novo modelo, também hoje se vislumbram os primeiros contornos sérios de uma Revolução a que chamaria do “Conhecimento”, que veio alterar não apenas o modelo de produção mas a forma como cada indivíduo se relaciona (ou posiciona / “transacciona”) num mercado de trabalho completamente aberto.

O Trabalho de hoje exige cada vez menos força física ou repetição burocrática – e, cada vez mais, originalidade, criatividade, prestação de um melhor serviço. As máquinas do passado praticamente não precisam quem as opere – mas sim quem conceba os novos produtos que elas se encarregarão de fabricar. Já não basta ter uma porta aberta e esperar que os clientes entrem – há que procurar factores diferenciadores da concorrência, especialmente em termos de prestação de um melhor serviço, com maior disponibilidade horária, com conhecimento profundo do produto vendido, com geração de “proximidade” face às necessidades do cliente, etc. Tal como no passado se destruíam as máquinas que a Revolução Industrial criara, tentando inutilmente deter a marcha do inexorável progresso, veja-se agora para onde se dirigem as “pedras” e os cocktails molotov (físicos ou discursivos): para os bancos, para o comércio, para as "marcas" de sucesso, para os novos “magnatas do Conhecimento” (Windows / IBM / Apple, etc).

É neste “caldo” que vivemos e no qual teremos que construir as soluções de futuro. A Sociedade do Conhecimento é uma realidade e é nesse âmbito que se reformulará o valor do factor trabalho, que se criarão novas carreiras (as Universidades começam a adaptar-se e a criar novas soluções académicas), que se exigirão novas regras na contratação, que se transformarão os sindicatos, que se estreitarão laços entre países. É precisamente por isso que aprender Inglês (indubitavelmente a actual língua universal) no Ensino Básico ou aceder a um computador portátil, não são “caprichos” que alguns néscios ou inconscientes, entre nós, se apressaram a criticar – são sinais de preocupação, ainda que rudimentares, com um futuro que já está aí e onde os novos analfabetos, os novos “excluídos”, serão aqueles que, efectivamente, desconhecerem esses saberes básicos.

Posto tudo isto, ainda assim a “nuvem” persiste… Talvez porque a sensação é a de que esta “Revolução” está órfã de uma efectiva liderança política. Com efeito, ninguém pode ter como “projecto de vida” o equilíbrio de um qualquer défice. Ninguém pode motivar-se se o horizonte que vê é cada vez mais negro. Nenhum “modelo europeu” digno desse nome pode passar apenas pela lógica financeira e pela contabilidade organizada das Nações. Falta liderança. Falta condução. Falta visão. A Europa de Merkel, de Durão Barroso e de Sarkozy é uma Europa de “mangas de alpaca”, aprisionada num enorme colete de forças de onde parece incapaz de sair. Não há rasgo. Não há projecto. E é por isso que os povos se agitam, temem o futuro, se angustiam. Mesmo nos Estados Unidos, até ao momento, Obama foi mais “promessa” do que “realidade”…

As pessoas questionam-se legitimamente – de que serviram os sacrifícios feitos há vinte e tal anos atrás, se de repente parecemos voltar à estaca zero? Onde está a “nossa” Europa de bem-estar e desenvolvimento generalizados? O que foi feito de tantos milhões em apoios e subsídios que, em Portugal, especialmente nos “anos dourados” das maiorias do 1º ministro Cavaco Silva, visaram reformar profundamente o País e deixá-lo preparado para evitar “crises” como a actual? Afinal, duas décadas volvidas e estamos novamente a ser confrontados com um cenário de empobrecimento generalizado, de recessão, de medo do futuro?...

É urgente, assim, “refundar” a Comunidade Europeia. Essa “refundação” só poderá ser feita por lideranças determinadas e visionárias, capazes de sacrificar o que for necessário agora mas em função de uma meta clara e objectiva a atingir, chame-se ela “paz”, “desenvolvimento sustentado” ou “Conhecimento”. A Europa tem todas as condições para liderar uma Revolução do Conhecimento a nível mundial, até pelas relações privilegiadas com África, Ásia e América Latina, com quem pode estabelecer novas pontes e criar novas parcerias. O exemplo de paz e tolerância, durante décadas, dentro das fronteiras da Europa, pode ainda ser alargado com a adesão da Turquia e possibilitar um novo diálogo com o Irão, tal como agora foi feito pelo Brasil na difícil questão do urânio enriquecido. Disseminar Conhecimento deve ser um desígnio europeu. Só o Conhecimento gera tolerância, diálogo, desenvolvimento. Em seu redor é possível desenvolver novas indústrias e serviços na área dos conteúdos e da criatividade em geral, articular com o Turismo, alicerçar com mão de obra qualificada e formação à medida. A Europa pode começar a fornecer as “canas para pescar” em vez do peixe já pescado. O nosso “petróleo” é o Conhecimento e há todo um campo por explorar num Mundo onde a pobreza e a exclusão ainda são (tristemente) reinantes.

Recordemos que, mesmo numa cidade de Londres barbaramente destruída pelos ataques aéreos nazis, durante a 2ª Grande Guerra, a população “persistia” em reunir-se em grandes salões de baile e dançar ao som de uma qualquer orquestra da época, com sorrisos rasgados que escondiam a profunda dor que certamente sentiam. Centenas de pessoas dançavam e rodopiavam durante horas – enquanto o seu mundo ruía, os seus entes queridos morriam, o amanhã era incerto. Mas aquelas pessoas tinham Esperança e Determinação. O seu sacrifício fazia sentido. Nenhum inimigo, por mais poderoso que fosse, as faria desistir. Queriam demonstrar que nada podia abalar o seu patriotismo e a sua defesa da Democracia, custasse o que custasse. Para que tal sucedesse foram determinantes líderes visionários, como Churchil ou De Gaulle, obviamente.

São esses líderes que urge encontrar nos nossos dias para que, tal como a chuva ajuda a dissolver a nuvem de partículas originada pelo vulcão islandês, possam também “dissolver” esta angústia das populações à procura de referências concretas para a construção do futuro. Caso contrário talvez estejamos a caminhar, inexoravelmente, para o fim da união europeia tal como os seus pais fundadores a conceberam, sem que se vislumbre qualquer alternativa, democrática e progressista, válida.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tempos difíceis...



"Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem não espera o bem não teme o mal."



Nicolau Maquiavel

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um jornal sem alma


Acabo de receber a última edição do Jornal de Sintra. Espantosamente (ou talvez não...) não inclui uma única notícia sobre a mais recente sessão da Assembleia Municipal, realizada no passado dia 27 de Abril.

Repito: nem uma linha.

Na contra-capa a já habitual página inteira de publicidade da CMS.

Alguém achará "normal" que um órgão de Comunicação local, ainda por cima com o passado e a tradição do Jornal de Sintra, ignore por completo o que se passa, o que se discute, o que se confronta, o que se elogia ou critica num dos órgãos mais relevantes na gestão do município, como é a Assembleia Municipal?...

Ai, que saudades do "outro" Jornal de Sintra, o de António Medina Júnior, o de Maria Almira Medina, José Alfredo da Costa Azevedo, José Gutierrez, Mestre Anjos Teixeira, Luciano Reis, Francisco Costa, etc, etc, etc!...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Os sabichões...


Em Portugal há um grupo restrito de pessoas que possui as receitas correctas e exactas para resolver todas as crises financeiras – são os ex-Ministros das Finanças, ex-Governadores do Banco de Portugal, ex-Ministros da Economia, etc, reconvertidos em comentadores de jornais ou de debates televisivos. Enquanto desempenharam as nobres funções ministeriais para as quais foram escolhidos, por um qualquer capricho da natureza ou maldição secular, raramente aplicaram as medidas que, agora, quais gurus infalíveis de elevado gabarito, apregoam aos 4 ventos, com ar grave e compungido. Mal saíram do ministeriável cargo, e após saltitarem de Conselho de Administração em Conselho de Administração de várias empresas públicas ou privadas, carregando sobre os ombros o trágico acumular das tarefas de Presidentes, administradores não-executivos, consultores ou simples pitonisas da alta finança, eis que se transfiguram e, tal como médiuns em transe, começam a debitar automaticamente um outro discurso, a elencar mil e uma soluções que jamais puseram em marcha, mil e uma maravilhas que, sendo concretizadas, nos conduziriam ao Paraíso terreal!...

Claro que, por vezes, também parecem discordar entre si, relativamente às soluções a perseguir. Pura ilusão auditiva! Porque o fio condutor é normalmente o mesmo: começa em “cortar salários” e “despedir”, passa pelo “congelamento de regalias de funcionários públicos”, esmera-se na repetição exaustiva da palavra “sacrifício” e termina em “não se sabe quanto tempo vai durar esta crise”, porta aberta para que as “medidas drásticas” possam ser prolongadas enquanto tal for considerado conveniente. Pelo meio é preciso atacar sem dó nem piedade a classe média, essa mole de egoístas e consumistas desenfreados que levaram o País para o abismo com as suas manias de receberem pontualmente o salário no fim de cada mês e exigirem que lhes paguem o trabalho extraordinário!...

É por estas e por outras que já descobri quem é o culpado desta grave crise financeira que estamos a atravessar, depois de escutar com muita atenção o tal grupo de “sábios”, desde o Dr.Medina Carreira (o grão-mestre desta panóplia) até ao Dr. Braga de Macedo, passando pelo Engº Mira Amaral ou Dr. Silva Lopes.

No início, qual ingénuo, estava convencido que a crise se devia à especulação internacional, à tenebrosa teia tecida pela alta finança, de conluio com políticos corruptos ou inaptos, cheguei até a insultar intimamente um tal Madoff, ele que foi responsável por uma fraude a rondar os 65 mil milhões de dólares.

Puro engano!

O culpado (mesmo!) da actual situação em que estamos é o meu vizinho do 8º andar esquerdo!

Duvidam?... É funcionário público, recebe uma fortuna que ronda os 700 euros mensais brutos, para além de ter direito a 13º mês e subsídio de férias que utiliza para pagar algumas dívidas e o Imposto Municipal de Imóveis que aumenta todos os anos, a mulher trabalha como caixa num hipermercado e arrecada mais um ordenado mínimo, pediram crédito para comprar o T2 onde vivem com os dois filhos, ele vai de comboio todos os dias para o emprego e ela apanha 2 autocarros, mas têm um Fiat Panda parado à porta que estão a pagar a crédito (que o banco lhes ofereceu, pressuroso, quando compraram a casa), os filhos andam na escola pública e (vejam o tremendo descaramento!) vão todos os anos de férias para a Figueira da Foz para casa de uma tia, durante 15 dias! Qual é o País que resiste a este abuso?! Como é que a Nação não há-de estar pelas ruas da amargura com gente desta?! Crédito para comprar casa e carro?! Ordenado garantido?! 13º mês?! Férias?!

Como é que depois há País que aguente e tenha recursos para pagar as 4 ou 5 pensões acumuladas, os vencimentos de administradores, as viaturas topo de gama, os cartões de crédito, os prémios de produtividade, os bónus, as indemnizações, as reformas antecipadas, enfim, tudo aquilo que é justo, dos “sábios” que nos apontam sempre o melhor caminho para sair da crise?...

Pois é…

sábado, 1 de maio de 2010

Uma vitória clara


A Lista A, PS Com Vida, liderada pelo meu camarada Rui Pereira, venceu ontem as eleições para a Comissão Política Concelhia do PS, em Sintra.

Os próximos dois anos devem, assim, e em função da escolha clara dos militantes, trazer mudanças significativas no PS a nível local, nomeadamente no que diz respeito à estratégia a seguir para reconquistar a presidência da Câmara Municipal de Sintra, apresentação de propostas alternativas e ainda na renovação de protagonistas junto do eleitorado.

Ontem, e uma vez mais, venceu o PS. Para quem parecia ter dúvidas sobre a "qualidade" do PS em Sintra, a resposta parece-me bem clara. E, acima de tudo, democrática!




1º de Maio


1º de Maio, Dia do Trabalhador. Nestes tempos difíceis, onde tantas vezes a especulação desenfreada coloca em causa o emprego e o sustento de tantas famílias, é bom evocar uma longa luta, de muitos anos, em prol da dignidade e do valor do Trabalho.