domingo, 29 de novembro de 2009

O "revolucionário" no seu labirinto

O inefável Hugo Chavez não pára de surpreender o Mundo - infelizmente, cada vez mais pela negativa.

Agora resolveu elogiar Idi Amin Dada, designando-o como "patriota" e "nacionalista". Ora acontece que este "patriota", ex-governante do Uganda, foi "apenas" responsável pelo assassinato de 300 000 opositores de outras etnias daquele País - e já se sabe como Chavez também "adora" quem se opõe aos seus desígnios de "ditador em construção"...

Outros "patriotas" que também já mereceram o elogio e aprovação de Chavez foram Robert Mugabe (cerca de 20 000 assassinatos no âmbito da limpeza étnica no Zimbabwe, coisa de "aprendiz", comparando com Idi Amin) e o presidente Ahmadinejad, do Irão, que se celebrizou por negar o Holocausto e procura afanosamente a produção de bombas atómicas, eventualmente para acabar de vez com Israel e conseguir bater os "records" dos anteriores "elogiados"!...

Não há dúvida que há coisas que nunca mudam e a ascenção de um ditador (seja ele fascista ou comunista) tem destes pormenores que se revelam, gradualmente, em cada passo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Até quando?...

A voragem mediática, a maledicência gratuita e a rapidez com que tudo se apaga e esquece, são marcas (pela negativa) do Mundo em que vivemos.

Envolvidos, hoje em dia, num estranho "clima" com laivos quase pidescos, pantanoso, por vezes roçando a esquizofrenia, acordamos todos os dias com uma única certeza: as notícias de hoje serão ainda piores do que as de ontem, chafurdarão mais fundo, confundirão mais o cidadão comum. Nem uma réstia de esperança, nem um sinal positivo, nem um esboço de caminho - apenas o "bota-abaixo" como princípio, a suspeição como arma e o negrume como horizonte.

Em Portugal temos um partido que devia constituir-se como alternativa de governação ao PS, que devia surgir junto do eleitorado com as suas propostas diferenciadas para governar o País, mas que, não o fazendo, já não hesita em utilizar a vulgaridade dos tablóides ou o vómito do julgamento na praça pública naquilo que se designa como "combate político". Parece que, não tendo conseguido ganhar as últimas eleições legislativas nas urnas, o PSD pretende "ganhá-las" um destes dias através da corrosão do carácter dos seus adversários políticos, com o Primeiro-Ministro à cabeça, ele que certamente já terá direito a entrar no Guiness como o político com o maior número de "acusações", "suspeições" e "investigações", desde a vida privada à pública, de todo o sempre!

Aliás, de política (no sentido mais nobre da palavra) já desde as eleições que pouco fala o PSD - mas apenas de "escutas", de processos, de Tribunais, de suspeitas, de diz-que-disse, de lamentações, de tricas sobre a liderança que não tem ou sobre aquela que continua a procurar, etc, etc, etc.

Fora de tudo isto há um País para governar. Um País que não se "congela" para assistir a este desfile de monstruosidades. Um País que tem que ter ânimo, esperança, projectos que lhe apontem o futuro. Um País que não pode estar refém de estratégias partidárias de baixo coturno. Um País com gente real, com problemas concretos, que exigem o arregaçar de mangas e não a comiseração, o desalento, o encolher de ombros.

A situação seria diferente (para melhor) se o PS tivesse obtido nova maioria absoluta? Creio convictamente que sim. Constatou-se que, afinal, nenhum partido da chamada Oposição queria dialogar sobre nada com o PS, mas apenas impôr-lhe condições ou limitar-lhe a actuação. Ninguém se mostrou disponível para trabalhar, em conjunto com o Governo eleito, numa alternativa que gerasse maior estabilidade governativa. Afinal, depois de tantas acusações de "arrogância" dirigidas ao anterior Governo, aquilo a que assistimos nos últimos meses foi à intransigência mais absoluta por parte de quem não ganhou as eleições para tentar condicionar as opções e caminhos que o Povo Português colocou em primeiro lugar. A Vida desmascara sempre estas situações...

Resta a memória dos factos para confrontar a miséria intelectual de quem não tem projectos, nem opções, nem rumos novos para os Portugueses, mas apenas tédio, medo, enfado ou suspeitas caluniosas para lançar ao vento - por isso aqui deixo o acesso a documento da Fundaçao Res Publica que é bem exemplificativo daquilo que foram as marcas da governação socialista com maioria absoluta e que tantos se afadigam em esconder ou ignorar, nestes tempos de cinza.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sugestão

Paul Auster é um grande escritor norte-americano e uma aposta minha para futuro Prémio Nobel. Que será mais do que merecido, acrescente-se. O seu último livro intitula-se "Invisível" e, tal como os anteriores, é daqueles que se começam a ler e dificilmente largamos até atingirmos o final. Actual, provocador, mordaz, Paul Auster consegue ser culto sem ser snob, complexo sem ser ininteligível, perverso sem ser vulgar. Tudo isto numa escrita depurada, exacta, que nos conduz quase sempre por viagens ao interior da complexidade humana.

Recomenda-se, naturalmente.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um segredo de Polichinelo


Aquilo que em Portugal se designa como "segredo de Justiça" já há muito que deixou de ser "segredo" e, simultaneamente, começa a ter pouco de "Justiça".

Para um leigo nestas coisas de Leis, de juristas, de Tribunais, de advogados, o chamado "segredo de Justiça" parece fácil de definir: trata-se de informação relativa à investigação de um eventual crime, que deve manter-se reservada até que haja uma decisão por parte de um Tribunal. No fundo tratar-se-á de todo um conjunto de dados que fazem parte da investigação e que devem permanecer a bom recato, na exclusiva esfera de quem investiga e de quem decide sobre as várias etapas do processo, até à sua conclusão com a emissão de uma sentença.

Mas esta é a visão de um ignorante destas matérias, daqueles que até acham que o "segredo de Justiça" se fez para defender quem esteja inocente e não para construir "culpados" por antecipação na opinião pública. Porque todos os dias surgem nos jornais, nas revistas, na abertura de Telejornais, etc, informações que, aparentemente, deveriam estar protegidas por esse tal "segredo de Justiça" e jamais se viu alguém ser acusado ou sequer punido pela óbvia falha no sistema. Porque a equação é simples: existe o tal "segredo de Justiça"; se surgem publicamente dados que não deveriam ter essa divulgação, é porque alguém os transmitiu indevidamente; se dois mais dois ainda são quatro então alguém deveria ser acusado e punido por tal violação.

Mas essa (repito) será certamente a visão de um ignorante - porque a realidade é outra e todos os dias se ri destas conclusões através das parangonas dos jornais, da voz dos locutores de noticiários radiofónicos, do olhar trocista de pivots de Telejornais.

E é assim que, dia após dia, o segredo é cada vez menos segredo e a Justiça é cada vez menos digna desse nome, restando os estilhaços de mil e uma guerras de bastidores que estropiam o carácter de quem tiver o azar de cair na engrenagem, ferem a sensibilidade de quem abomina os julgamentos sumários em formato tablóide e minam os pilares desta nossa (ainda) frágil Democracia.

Até quando?

sábado, 14 de novembro de 2009

Excertos

"Quanto às Monblanc, o que dizer? Como eu a compreendo. Adoro. Porque são óptimas, refinadíssimas e fazem a diferença. Não por se terem transformado em ícones de prestígio mas, isso sim, porque até permitem distinguir quem as merece dos ordinários que, desde locutores a comentadores, políticos, etc, não perdem a oportunidade de as exibirem, rolando-as entre os dedos, perante as câmaras… De facto, um piroso será sempre um piroso, mesmo armado de Montblanc." - in blogue Sintra do Avesso, a propósito da utilização de caneta daquela marca por parte da nova Ministra da Educação.

"Fernando Seara defende na tomada de posse uma sociedade justa, livre e solidária" - título do Jornal de Sintra, 6 de Novembro de 2009.

"CDU viabiliza maioria na Junta de Rio de Mouro - comunistas com presidência da assembleia e dois lugares no executivo" - Jornal da Região, 10 de Novembro de 2009.

"CDS/PP abandona coligação com PSD para a Junta de Freguesia de Algueirão Mem-Martins, em plena sessão de tomada de posse, queixando-se de intolerância e falta de respeito" - notícias diversas nos jornais locais.

"Ela falava, e falava, e falava, e falava. Falava pelos cotovelos. E continuava a falar. Eu sou a dona da casa. Mas aquela empregada gorda só sabia era falar, falar, falar. Onde quer que eu estivesse, lá vinha ela e começava a falar. De tudo e de nada, disto e daquilo, para ela tanto fazia. Despedi-la por causa disso? Teria que lhe dar três meses de indemnização. Ainda por cima, seria bem capaz de me rogar uma praga. Até na casa de banho: e assim e assado, e frito e cozido. Enfiei-lhe a toalha na boca para que se calasse. Não morreu por causa disso, mas por já não poder falar: as palavras rebentaram-na toda por dentro." - in Crimes Exemplares, de Max Aub.

sábado, 7 de novembro de 2009

Contributos

"Um sábio chegou à cidade de Akbar, mas os habitantes não lhe deram muita importância. Conseguiu reunir em torno de si apenas alguns jovens, enquanto o resto dos habitantes ironizava com a sua presença e o seu trabalho.

Certa manhã o sábio passeava com os poucos discípulos pela rua principal, quando um grupo de homens e mulheres começou a insultá-lo. Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi até junto deles, e abençoou-os.

Ao sairem dali, um dos discípulos comentou:

- Eles dizem coisas horríveis e o senhor responde com belas palavras?...

O sábio respondeu:

- Cada um de nós só pode oferecer o que tem."


(conto tradicional / sabedoria sufi)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Rumos para a Assembleia Municipal de Sintra


A Assembleia Municipal de Sintra é o parlamento dos cidadãos deste Concelho. Assim, a par do seu papel de órgão fiscalizador da gestão camarária, deve ser espaço de debate, de reflexão, de cidadania.

A mudança de instalações da Assembleia Municipal de Sintra não é apenas uma necessidade há muito sentida - é uma exigência de participação. São muitos os sintrenses que acorrem às sessões da AM e não encontram condições minimamente dignas para assistirem às mesmas, quer pela exiguidade do espaço, quer pelas condições oferecidas (falta de lugares sentados, calor insuportável quando a sala está cheia, acumular de pessoas na única entrada para a sala onde decorrem as sessões, dificuldades de estacionamento na zona, etc). Os auditórios do C.C. Olga Cadaval têm todas as condições para efectuar essa mudança, com óbvios benefícios para os munícipes e eleitos.

Mas não basta - há também que realizar determinadas sessões da AM em algumas freguesias do Concelho, na eventual impossibilidade de realização em todas. Há que aproximar (na prática e não na mera retórica dos discursos da praxe) eleitos de eleitores, num Concelho de grande dimensão territorial e diversidade de populações. Nada é impossível, basta querer - e esta é também uma exigência de cidadania.

A AM não deve limitar-se, igualmente, ao seu papel fiscalizador ou ficar condicionada pela "agenda" da "rotina" camarária. Cabe-lhe um papel relevante na realização de debates temáticos, convidando especialistas e munícipes a intervir e, dessa forma, esclarecendo, discutindo, ajudando a construir soluções partilhadas. Mas também na fiscalização da actividade camarária o grau de exigência deve, necessariamente, aumentar, face a uma maioria de Direita que já dá claros sinais de querer "fechar-se" sobre si: as perguntas feitas pelos membros da AM ao Presidente da CMS e respectiva vereação, sobre assuntos diversos da gestão camarária, terão que ter resposta dentro dos prazos definidos e as manobras dilatórias para que tal não suceda (como aconteceu, diversas vezes, no anterior mandato) deverão ser clara e publicamente denunciadas. Cabe também aqui um papel fulcral aos órgãos de Comunicação Social, que não raras vezes, nestes últimos oito anos, preferiram noticiar o "acessório" em vez do "essencial" - Sintra precisa como de pão para a boca de uma Imprensa que discuta, confronte os poderes estabelecidos, debata, dê voz a todas as correntes de opinião de forma equitativa e que rompa com o "círculo vicioso" das notícias sobre "comemorações" e "chás dançantes".

Constituindo-se como oposição em Sintra (e sendo o maior partido do Concelho) cabe ao PS um papel determinante na prossecução destes objectivos que, no essencial, mais não visam do que dar voz aos sintrenses, aprofundar a participação democrática dos munícipes e exigir rigor e seriedade nas políticas traçadas.

domingo, 1 de novembro de 2009

Prioridades

Não pode haver a menor dúvida - a prioridade das prioridades de um Governo socialista tem que ser, neste momento, o emprego. Essa é a tarefa número um, aquela que deve concentrar esforços e exigir disponibilização e meios.

Simultaneamente (e face a uma Direita defensora do "salve-se quem puder") há que apoiar quem necessita, quem atravessa dificuldades, quem desespera por não ver amanhã. Existem, hoje em dia, e fruto da difícil situação da economia mundial (que também "globaliza" a miséria e o desemprego nos maus momentos), muitas famílias que caíram numa situação relativamente à qual se julgariam imunes ainda há pouco tempo. Muitos homens e mulheres que não sabem o que fazer das suas vidas. Muitas crianças e adolescentes criadas com todas as dificuldades e engolindo ressentimento e medo do futuro. Tem que existir um sentimento global, por parte de toda a sociedade envolvente, da necessidade de ajudar estas pessoas - mais, da OBRIGAÇÃO de ajudar estas pessoas.

Bem podem vir por aí mais algumas propostas, quase todas no âmbito dos costumes, muitas delas de uma "agenda" alheia e que até podem ser simpáticas aos olhos de alguns e render algum "folclore" mediático - que não se confunda a árvore com a floresta, num momento em que essas confusões podem ser fatais. Um ser humano com fome será, sempre, a prioridade das prioridades - mal andaria um Partido Socialista que o esquecesse!...