quarta-feira, 10 de março de 2010

Uma campanha triste

A pouco e pouco, os candidatos à liderança do PSD vão começando a demonstrar toda a sua vacuidade e deserto de ideias. Quer pelos debates entre si, quer pelas intervenções individuais de que os órgãos de Comunicação Social vão dando conta, constata-se um confrangedor vazio em termos de propostas (realmente) alternativas para a governação do País.

Passos Coelho (que, relembre-se, antes da recente crise financeira mundial defendia a privatização da Caixa Geral de Depósitos...) tenta "encostar-se", subliminarmente, ao "fenómeno Obama", lançando um livro com o sugestivo (e original...) título de "Mudar" - prevejo saldos do mesmo muito em breve, pelo menos a julgar pela quantidade de exemplares que vou vendo acumulados por aí nas prateleiras... Rangel prossegue com o seu discurso "populista" (bem expresso na triste intervenção que fez, em pleno Parlamento Europeu, sobre a "falta de liberdade de expressão" em Portugal, "internacionalizando" a obsessiva campanha interna contra Sócrates sem olhar para os eventuais prejuízos para a imagem externa do País, no seu todo) muito mais próximo do PP de Paulo Portas do que da social-democracia de Sá Carneiro, e rapidamente "esqueceu" a solene promessa de cumprir o mandato em Bruxelas como deputado europeu. Aguiar Branco faz o que pode para manter a sua candidatura mas já toda a gente percebeu que não é por ali que o PSD vai, realmente, encontrar um verdadeiro líder.

Nas hostes laranja o entusiasmo (seja com que candidato for) também não parece ser a tónica dominante - e até Alberto João Jardim já percebeu a tristeza desta campanha interna, insistindo no pedido para desistirem todos e apelando ao "messias" Marcelo Rebelo de Sousa, sem grande sucesso...

De comum entre todos - zero ideias realmente DIFERENTES para governar o País. De comum entre todos - José Sócrates como "alvo a abater". É pouco (muito pouco) para cimentar um projecto alternativo e uma liderança sólida, como se viu pelo passado recente e pelas sistemáticas campanhas visando (sem sucesso) atingir o Primeiro-Ministro e fragilizar o Partido Socialista.

Já lá dizia a minha avó - "quem não tem cão, caça com gato". Mas é triste (e preocupante) que o único partido com vocação para constituir-se como alternativa de Governo ao Partido Socialista, tenha mergulhado tão profundamente nestas "águas revoltas" e neste marasmo de propostas.

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