sábado, 13 de fevereiro de 2010

O PS e a defesa da Liberdade e da Democracia - 1

Julho de 1975. Grande comício na Fonte Luminosa, em Lisboa, organizado por António Guterres e tendo como oradores Mário Pires, da Comissão de Trabalho do PS, Lopes Cardoso, presidente do grupo parlamentar do PS na Assembleia Constituinte, Luís Filipe Madeira, deputado e antigo governador civil de Faro, Alfredo Carvalho, deputado e operário da Lisnave, Marcelo Curto, também deputado, Salgado Zenha, ministro da Justiça demissionário e, no final, Mário Soares.

A intervenção de Soares foi um dos momentos mais determinantes desse Verão Quente de 1975 e serviu para marcar a posição do PS em relação ao «Documento-Guia» da Aliança Povo-MFA, que tinha sido aprovado em 8 de Julho e que levara os ministros socialistas a saírem do 4.º Governo Provisório, provocando a sua queda. Eis um excerto dessa intervenção:

"A verdade é que a vossa presença aqui, o vosso entusiasmo ao longo deste comício, o vosso espírito de militância, a vossa confiança num partido de esquerda, no Partido Socialista, que é o nosso Partido, pois a vossa presença foi a prova de que nós vencemos e que aquilo que a cúpula dementada do PCP e os irresponsáveis da Intersindical queriam não foi possível. Eles queriam amordaçar a voz do Povo que será ouvida pelas ruas do nosso país. A vossa presença torna evidente um facto extraordinário que vai ter profundas consequências na vida política portuguesa. Em primeiro lugar ela torna patente que não é possível continuar com essa técnica de chamar reaccionários e fascistas a tudo o que não é comunista do PCP ou apaniguado, ou do filhote MDP. Esta demonstração formidável (e mais formidável ainda pelos obstáculos que se levantaram) prova que nada pode vencer a determinação popular de estar connosco.
Tanto mais que não dispomos da Televisão, nem de rádio, nem dos jornais de Lisboa. Desse Século e desse Diário de Notícias que são o Pravda e o Izvestia portugueses. Mas exactamente porque foi levantada uma operação de propaganda sem precedentes, uma campanha de boatos para intimidar a população, dizendo que haveria desordens, que rebentariam bombas, que estaria aqui a contra-revolução, e outras patranhas do mesmo género: apesar de toda essa campanha, nós pudemos estar aqui sem dispor dos meios de comunicação social».

Contra a tentativa de alguns de colocarem em causa o recente regime pluripartidário, o PS saiu para a rua e esteve na primeira fila da defesa da Democracia e da Liberdade. Ontem e sempre!

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