Eis o que nos diz a Wikipédia sobre o Bloco de Esquerda:
"O Bloco de Esquerda (BE), nasceu em 1999 da fusão de três forças políticas: a União Democrática Popular (marxista), o Partido Socialista Revolucionário (trotskista mandelista) e a Política XXI, às quais se juntaram vários outros movimentos posteriormente.
Qualquer uma delas, à época, definiam-se como resultado de processos de crítica em relação ao chamado «comunismo» ou «socialismo real», mantendo a referência comunista através da reflexão e da discussão sobre a actualidade do marxismo. Membro do Secretariado Unificado da IV Internacional, o PSR herdava a tradição trotskista, oposta ao estalinismo; a UDP, geralmente associada ao maoísmo, apresentava-se como desligada de quaisquer referências no campo comunista internacional, posicionando-se em ruptura com todas as experiências de "socialismo real"; a Política XXI resultara, por sua vez, da união de ex-militantes do Partido Comunista Português, pelos herdeiros do MDP-CDE e por independentes. Na formação do Bloco juntaram-se ainda pessoas sem filiação anterior, mas que já haviam mostrado identificar-se com os movimentos indicados, destacando-se, no grupo inicial, Fernando Rosas (a sua antiga filiação no PCTP-MRPP havia acabado há muito).
Desde o início, o Bloco apresentou-se como uma nova força política que não negava a sua origem nos três partidos citados e que tinha uma organização interna democrática, mais baseada na representação dos aderentes do que pelo equilíbrio partidário. A adesão de novos militantes, sem ligação anterior a qualquer um dos partidos originários contribuiu para esse efeito.
O Bloco foi incluíndo ainda outros grupos e tendências: desde pequenos grupos políticos, como a Ruptura/FER, até grupos que, não sendo organizações políticas, são grupos de interessse constituídos já dentro do Bloco: mulheres, LGBT, sindicalistas, ambientalistas, etc. O Bloco reivindica a independência destes grupos em relação à política geral do partido.
Entretanto, os partidos constituintes entraram num processo de auto-extinção. A Política XXI já se extinguiu, tornando-se numa associação de reflexão política que se exprime numa das revistas da área do BE, a Manifesto. O PSR também se extinguiu, transformando-se igualmente numa associação que se exprime numa revista, a Combate. Quanto à UDP, foi a última das organizações fundadoras a transformar-se em associação política, no início de 2005. Edita igualmente uma revista, A Comuna."
É desta "amálgama ideológica" que nasce o Bloco e é bom recordá-lo num momento em que alguns pretendem ver no Bloco uma "alternativa de Esquerda" ao PS. Mas uma "alternativa" para quê? Que modelo de sociedade pretende o Bloco construir? Que valores fulcrais defende o Bloco? Que disponibilidade tem para apoiar uma solução de Governo liderada pelo PS, na eventualidade deste partido não obter a maioria absoluta? Creio que nenhuma.
Estas e outras interrogações devem ser levantadas e o Bloco deve ser confrontado com as mesmas, essencialmente para que o eleitorado seja esclarecido em vez de ser iludido com o habitual "folclore" deste partido. Em Lisboa, na gestão da CML, tivemos um pequeno exemplo de como o Bloco "foge" quando os compromissos são concretos e os desafios são de ordem prática, retirando rapidamente a confiança política no seu vereador eleito que se disponibilizou para trabalhar com António Costa e com o PS.
Um voto no Bloco, em nome de um qualquer "protesto" contra algumas medidas do actual Governo, não se traduzirá na construção de qualquer alternativa para governar o País e é importante que as pessoas estejam conscientes disso. O protesto pelo protesto é estéril e inútil. E, na actual situação de crise que vivemos, há "protestos" que podem configurar autênticos "suicídios" em termos da governação do País...
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