quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mudar de vida


No momento em que escrevo este "post" ainda não existe qualquer definição ou certeza sobre a aprovação do Orçamento de Estado para 2011. Depois de alguns dias de negociação, PS e PSD nada concluíram e a incerteza mantém-se. O País angustia-se e não entende que qualquer estratégia ou ambição partidária possa sobrepor-se a uma definição imperativa num momento de crise financeira.

Não existem "inocentes" neste "filme". PS, PSD e também o CDS-PP têm sido os partidos responsáveis pela governação deste País, desde o 25 de Abril. O que de bom ou de mau foi feito (ou ninguém soube ou quis fazer) na governação deste País, é sobretudo da responsabilidade destes três partidos. Essa é a realidade, doa a quem doer. Dos outros grandes partidos nacionais, destaco o PCP e, mais recentemente, o Bloco de Esquerda. Optando pelo protesto como forma de se afirmarem junto do eleitorado, em nada têm contribuído para a criação de uma alternativa de Esquerda e, por vezes, parecem até erigir como seu "inimigo" principal o Partido Socialista, mais até do que os partidos de Direita.

A actual situação do País (embora, obviamente, com diferentes graus de responsabilidade) é, assim, fruto das acções ou omissões de todos, sem excepção. Até de um Cavaco Silva que, apesar da actual pose de Presidente da República, não faz esquecer uma década de "política do betão", de milhões a jorrar da CEE sem que nenhuma reforma de fundo tenha sido feita e da "paternidade" de um "monstro" chamado défice, na acusação bem explícita do seu próprio ministro das Finanças, Miguel Cadilhe. Mas é também de quem sempre exigiu tudo e mais alguma coisa, de quem pressionou nas ruas e nas empresas, de quem ao longo de décadas só viu direitos e pretendeu escamotear obrigações, sem se preocupar com os recursos disponíveis ou com a necessidade de gerar consensos para determinadas reformas.

Resta agora, a quem tem essa obrigação, minorar os sacrifícios que se anunciam (uma vez mais) para este povo. Acabar de vez com "telenovelas" ou falsos "suspenses". Colocar um ponto final nesta angústia sobre a aprovação ou não do Orçamento. Procurar cortar naquilo que é realmente supérfluo no Estado e não no sustento de milhares de famílias. Apontar um horizonte que justifique estes sacrifícios.

Há que mudar de vida, é certo. Mas há, também, que repensar as lógicas partidárias e "refundar" princípios e valores. Quem errou tem que ser penalizado. Quem se serviu do Estado em vez de o servir tem que ser punido. Quem confundiu um partido político com uma qualquer agência de empregos fáceis tem que ser "despedido". Não há volta a dar - ou tudo muda ou daqui por pouco tempo estaremos na mesma ou pior ainda, com os mesmos de sempre a fazerem os discursos compungidos do costume! Basta!

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