Foi publicado este ano pela Secretaria-Geral do Ministério da Educação o livro "Quatro Décadas de Educação - 1962/2005". Nesta obra são apresentados depoimentos dos diversos Ministros da Educação que exerceram funções entre 1962 e 2005.
Respigo uma das questões ali colocadas a um destes responsáveis:
«Questão: As reformas que na altura entendeu por bem promover depararam com que tipo de dificuldades?
Resposta: As dificuldades concentraram-se na falta de consciência de muitos dos intervenientes para a urgência e dimensão das mudanças que era necessário empreender, bem como no escasso tempo político em que foi possível iniciá-las. Em matéria de educação, o tempo que se perde é irrecuperável e esse sentimento transmite uma grande ansiedade aos seus responsáveis».
Quem proferiu estas palavras?...
Manuela Ferreira Leite.
A mesma Manuela Ferreira Leite que em Abril deste ano afirmava, sobre as reformas em curso na Educação, que realmente "o sistema não funcionava" e "era preciso alterá-lo" (entrevista à Rádio Renascença), dando um claro sinal de apoio às politicas desenvolvidas pelo Governo PS nesse âmbito. Ainda em Abril, durante as Jornadas Parlamentares do PSD em Vilamoura, a mesma Manuela Ferreira Leite, ao ser questionada pelos deputados do PSD sobre as funções do Estado, respondeu que começaria por privatizar «aqueles sectores em que os privados já estão, como a saúde a educação».
Finalmente em Novembro p.p. a ex-ministra da Educação parece ter subitamente mudado de ideias e em declarações aos jornalistas depois de se reunir com professores militantes do PSD que são também dirigentes sindicais, na véspera de mais uma manifestação de professores convocada para Lisboa contra o modelo de avaliação, veio "cavalgar" a onda das "massas em luta" e exigir a suspensão do referido processo de avaliação de desempenho...
Manuela Ferreira Leite parece ser adepta daquela frase de Georg Lichtenberg que reza assim:
"Muitas vezes tenho uma opinião quando estou deitado e outra quando estou de pé".
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