quinta-feira, 14 de julho de 2011

Feliz Natal!...

De repente em pleno Verão o Natal faz parte da ordem do dia...


Finalmente o Governo define a forma de nos cortar parte do subsídio de Natal, apresenta tabelas, faz-nos novamente parecer formigas tontas dentro de uma caixa que alguém espreita e agita a seu bel-prazer...


Natal... O que lembro do Natal?... Dos vários Natais?...


Raramente as prendas, quase nunca. E se lembro alguma é apenas para evocar o rosto ou o gesto de alguém, familiar ou amigo.


O que lembro?...


O último Natal que passei com o meu pai, trouxe-o do lar onde estava por causa do Alzheimer, aquele homem que me protegia cada vez mais igual a um menino perdido, ali sentado à mesa, comendo devagar, rasgos de reconhecimento de vez em quando, a tristeza serena de minha mãe, as minhas filhas sem entenderem bem que sombra era aquela no rosto do avô...


Outros Natais...


A alegria de ter a família toda reunida, o imenso gozo de coisas tão simples como o cheiro dos doces feitos pela minha avó, a emoção do riso genuíno na face das minhas filhas pequenitas, a noite imensa e misteriosa, a campaínha que alguém tocava e eu acreditava ser o Pai Natal, tudo misturado na memória de coisas boas, de tempos bonitos, tempos com gente dentro...

Por isso quero desde já desejar um Feliz Natal a estes senhores deste Governo e de todos os Governos que vivem presos no labirinto das suas certezas e da sua sapiência.


A Deus o que é de Deus. A César o que é de César. Sobram os homens e mulheres a quem nunca nada parece ser devido.


Tomem lá metade do meu subsídio de Natal. Tomem lá todo! E se quiserem estes ossos e esta carne, vossas serão, pode quem manda!


Só a minha memória doce nunca terão, nem as minhas lágrimas, nem o eco dos momentos bonitos que uma Vida encerra, nem o riso do meu pai quando a doença andava longe, nem os olhos brilhantes de minha mãe, nem a dignidade de meus avós, nem nada (nada!) daquilo que eu realmente sou.


Feliz Natal!...

1 comentário:

A disse...

À uns anos o Natal era quando o homem quisesse ,agora é quando o governo quer, e o povo paga.