quinta-feira, 22 de abril de 2010

Saber Unir para Vencer


Como é do conhecimento público, existe, neste momento, uma disputa eleitoral entre duas listas concorrentes à Concelhia do Partido Socialista de Sintra. Como toda a gente também já sabe, a minha opção está tomada e é clara.

Creio ser saudável a existência desta disputa no PS - Sintra - porque é sinal de vitalidade de um partido e dos seus militantes e porque permitirá, certamente, esclarecer alguns equívocos e ideias-feitas.

Há dois anos atrás, quando o meu camarada Rui Pereira se candidatou à Presidência da Concelhia, dei-lhe aquilo que considero ter sido um "apoio condicionado". Isto é: não o conhecendo ainda muito bem, quer pessoalmente, quer politicamente e tendo tido, inclusivé, algumas divergências com ele, expressas publicamente em várias reuniões partidárias, decidi apoiá-lo de forma discreta e aguardando pelo trabalho feito, face a uma outra candidatura, liderada pela Drª Ana Gomes, que me pareceu sem qualquer tipo de sustentação ou coerência política.

Recordo-me, a propósito, que foram gravados na altura, em vídeo, diversos depoimentos de militantes do PS - Sintra, como peças de campanha em apoio do Rui Pereira. Revi, recentemente, por exemplo, os depoimentos de diversos camaradas meus, agora em lugares destacados da lista B, expressando esse apoio. Lembro-me que também fui convidado para gravar idêntico depoimento na altura mas como não tenho uma especial atracção pelo protagonismo dado pelas objectivas e pretendia, acima de tudo, dar o tal "apoio condicionado", recusei delicadamente.

Dois anos depois há um trabalho que foi feito e é com base nele que manifesto, agora, o meu apoio. Tive ocasião de conhecer melhor o Rui Pereira - não pelo que diziam dele, mas pelo que foi o seu comportamento, atitude e disponibilidade, para comigo, para com outros e que me foi dado observar. Tive oportunidade de divergir e discutir com ele em inúmeras ocasiões, sem sentir qualquer "penalização" ou "sanção", aliás, sei hoje em dia que o Rui Pereira tem o saudável gosto pela discussão política, desde que seja fundamentada e geradora de novas ideias. Vi a forma persistente como o Rui trabalhou para trazer a Sintra vários governantes do PS, para que discutissem com os militantes políticas e reformas nem sempre consensuais. Vi secções que se abriam a todos para debater, que procuravam novas formas de intervenção, que atraíam novos militantes. Vi a sua disponibilidade para apoiar os nossos autarcas sempre que necessário. Vi serem convidados e terem aceite integrar o Secretariado da Concelhia (logo, a poderem participar nas decisões e nas estratégias a definir para o Partido em Sintra) muitos daqueles que agora estão nos lugares cimeiros de uma candidatura que afirma ter chegado "o fim do tempo do Rui Pereira". E, acima de tudo, assisti à forma digna e empenhada como o Rui Pereira, Presidente da Concelhia do PS Sintra, soube UNIR o PS neste Concelho e soube gerar um difícil consenso, por ocasião da candidatura da Drª Ana Gomes à CMS.

E o tal "apoio condicional" de outrora, passou a ter motivos para um apoio incondicional agora.

Mas é também por tudo isto que, apesar de achar perfeitamente legítima e saudável a existência de uma outra candidatura, sinto alguma dificuldade em entender o conceito de "mudança" que agora se apregoa. Porque vejo pessoas nos lugares cimeiros desta lista B que durante 2 anos integraram os órgãos máximos de decisão do PS em Sintra, que foram eleitas para diversos cargos de responsabilidade, que sempre tiveram forma e local para exprimir ou apresentar as suas sugestões, enfim, que jamais poderão dizer que não puderam participar na vida e nas decisões do partido, em Sintra, durante este mandato liderado pelo Rui Pereira. Há camaradas meus na lista B que são (ou foram recentemente) vereadores, assessores do partido na Assembleia da República, deputados municipais em lugar de destaque, muitas vezes em mais do que um mandato. "Lugar aos novos"? E que sugestões ou projectos de renovação ou abertura do partido apresentaram? Quando? Foram alguma vez rejeitados? Por quem? Sinceramente, tento recordar-me de muitas reuniões de Secretariado, muitas reuniões da Concelhia, muitas reuniões de preparação de trabalho autárquico e confesso não me lembrar que tal tenha sucedido...

Uma palavra final e muito breve para a Drª Ana Gomes, com a mesma frontalidade e liberdade de expressão que tantos gostam de invocar, muitas vezes apenas quando lhes convém. Ela, melhor do que ninguém, conhece todo o processo da sua aparição em Sintra, há 2 anos atrás, como candidata à Presidência da Concelhia do PS. Derrotada nesse desiderato, teve aquilo que considero o imenso privilégio de contar com a maturidade e superioridade moral dos socialistas de Sintra, que, colocando para trás das costas todo um conjunto de divergências, souberam colocar os interesses do PS e de Sintra acima de tudo. Todos os militantes (repito: todos!), sob a liderança do Rui Pereira, deram o melhor de si numa difícil campanha autárquica para a eleger como Presidente da Câmara Municipal de Sintra. Democraticamente essas eleições foram novamente ganhas pelo candidato da coligação de Direita, o Dr.Fernando Seara. No final, relembro os calorosos agradecimentos e elogios da Drª Ana Gomes para todos quantos deram o seu melhor nesse combate - com o Rui Pereira à cabeça. Neste momento ela apresenta-se no 4º lugar da lista B. E nada mais acrescento - cada qual que retire as conclusões que entender.

Como socialista e sintrense a minha preocupação está em construir um projecto alternativo para apresentar ao eleitorado e demonstrar, em cada dia, que é possível fazer mais e melhor por esta terra e pelas suas gentes. Vivo neste Concelho há cerca de 45 anos. Uma vida... Nesta terra repousam alguns dos meus entes mais queridos, já partidos para morada eterna. É aqui que crio as minhas filhas, dia após dia. Conheço as pessoas, os locais, os cheiros, as dificuldades, os caminhos, os sonhos, os projectos, as frustrações. Conto acabar os meus dias por aqui, quando Deus quiser. A minha "ambição política" é poder fazer o meu melhor para que um dia os meus netos possam evocar o meu nome e associá-lo a algo de positivo para os habitantes deste Concelho. Essa é a minha razão de ser socialista e de continuar a lutar por convicções e ideais. De preferir concentrar-me nesses projectos e deixar a "mercearia" dos lugares ordenados numa qualquer lista, ou na estratégia para assegurar um lugar futuro na "arena" partidária, ou no esquecimento deliberado do que se disse ou fez ontem para se parecer "renovado".

No dia 30 de Abril os militantes do PS decidirão. Em consciência e certamente com a habitual sabedoria e reconhecimento de quem, efectivamente, merece o privilégio do seu voto.


Saudações democráticas para os meus camaradas das listas A e B. Viva Sintra!

3 comentários:

Anónimo disse...

Mutações, mutantes.

Anónimo disse...

Deixa a Fátima ganhar as eleições e vais ver os patins que levas! Gente como tu não faz falta ao PS! Não tens qualidade! Fora!

Castro disse...

25 de Abril… 36 anos depois

Quem me dera dizer que os homens de hoje, estendendo aos de amanhã, têm a mesma craveira dos homens que há 36 anos levaram a cabo uma revolução…
"em Política e Cidadania"

Sou particularmente avesso, a participar nestas trocas de mimos. Porém, 36 anos depois do 25 de Abril, não resisto.

E não resisto, porque não havia necessidade. Nem do comentário, porque revela bem o espírito da causa. Nem do anonimato, pois só revela má consciência. É o comentário típico dos apaniguados e de um certo modo de fazer política.

Uma campanha faz-se da troca de ideias, da apresentação de propostas e dispensa provocações e insultos.

O seu comentário é bem o espelho daquilo que os Partidos e o País não precisam. Faz de si um cobarde anónimo que se esconde para a ignomínia.

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