domingo, 10 de janeiro de 2010

Breves

No passado dia 3 de Janeiro comemorou-se o 50º aniversário da fuga de Álvaro Cunhal (e de um conjunto de outros militantes comunistas) da prisão de Peniche.

Tratou-se de um feito digno de registo na luta contra o fascismo em Portugal e contribuiu para abalar os alicerces do regime ditatorial, tal a espectacularidade e surpresa daquela acção. Já era tempo de vermos, por exemplo, as nossas televisões a investirem em séries (dramáticas ou documentais) sobre esse período da nossa História recente, contribuindo para honrar a memória de quem tudo sacrificou nesse combate pela liberdade e evitando a ignorância junto das novas gerações.

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Finalmente foi possível chegar a um acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores, depois de algum extremar de posições que, em determinados momentos, raiou o absurdo.

No essencial (e ao contrário do que alguns, erradamente, defendiam) não se recuou na intenção de avaliar, seriamente, o desempenho dos docentes (tal como o de todos os restantes funcionários do Estado, aliás). Saíram derrotados todos quantos defendiam um "recuo" ou uma absurda "auto-avaliação", numa altura em que foi fácil cavalgar uma certa "onda populista" - ficaram a ganhar a escola pública, os alunos e respectivas famílias, com um aumento do grau de exigência relativamente ao desempenho dos seus principais agentes, os professores.

Está de parabéns a actual Ministra da Educação - mas também José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues que tiveram a coragem, nos momentos certos, de não colocar em causa o essencial, apesar de toda a pressão e de todos os ataques.

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Facto 1: quando Cavaco Silva foi primeiro-ministro não apoiou a candidatura do Ernesto Melo Antunes a presidente da UNESCO, tendo, assim, o nosso País perdido, na altura, a oportunidade de ter um Português à frente de tão prestigiada instituição.

Facto 2: recentemente, no âmbito da realização na Fundação Calouste Gulbenkian do colóquio "Liberdade e Coerência Cívica - O exemplo de Ernesto Melo Antunes na História Contemporânea Portuguesa", Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, relembrou tal atitude, a propósito da ausência, neste evento, do Presidente da República, Cavaco Silva. "As atitudes ficam com quem as pratica", afirmou.

Em Sintra, na última Assembleia Municipal (em que não pude estar presente), uma moção apresentada pelo Partido Socialista onde se pretendia, acima de tudo, homenagear Ernesto Melo Antunes (mas sem esquecer alguns factos) parece ter causado perturbação junto da maioria de Direita (PSD/PP), que acabou por protelar a votação da mesma.

Calculo que o PS mantenha a apresentação desta Moção (nos mesmos e exactos termos) na próxima sessão da Assembleia Municipal - porque contra factos não há argumentos e a memória de Melo Antunes não merece menos.

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