segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Quo Vadis", Sintra?...


Segundo dados revelados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística, e relativos a 2007, a região de Lisboa congrega seis dos quinze concelhos portugueses com maior poder de compra do País, sendo que apenas quatro dos 18 municípios da região estão abaixo da média nacional – infelizmente Sintra é um destes quatro casos, com um valor de 98,2, ainda assim suplantado por Odivelas (98,7).

Lisboa (1.º lugar), Oeiras (2.º), Cascais (4.º), Alcochete (5.º), Montijo (9.º) e Almada (15.º) são os municípios da Região de Lisboa considerados na tabela dos quinze concelhos com maior poder de compra por habitante.

Este indicador caracteriza os municípios «sob o ponto de vista do poder de compra, numa acepção ampla, a partir de um conjunto de variáveis», nomeadamente salários auferidos pelos habitantes, contratos imobiliários e o número de automóveis.

De salientar que, em 2005, Sintra ainda tinha um poder de compra, per capita, superior ao Porto, Oeiras, Cascais, Loures, Almada, Matosinhos e Amadora, apesar de um decréscimo gradual que se registava já a partir de 2002. Neste momento, municípios como a Amadora (114,73), Mafra (109,89), Azambuja (108,07) ou Loures (111,60), para apenas citar alguns, ultrapassaram claramente o nosso Concelho relativamente a este índice.

Há já bastante tempo que alerto para esta “desvalorização” constante do nosso território, aqui tão claramente demonstrada. Trata-se de um importante indicador no que diz respeito à “estagnação” de Sintra nestes anos mais recentes, revelando um “empobrecimento” global, não apenas em termos económicos mas igualmente sociais, com a clara saída das classes médias para Concelhos vizinhos onde as condições de vida proporcionadas aos diversos níveis (transportes, escolas, vias de comunicação, parques urbanos, equipamentos de lazer, saúde, etc) se têm vindo a revelar claramente superiores, com a consequente valorização do património de cada munícipe, atracção de recursos e crescimento dos índices de satisfação global das populações.

Não cometerei a injustiça de apontar culpas exclusivas, por esta situação, ao Presidente da Câmara Municipal de Sintra e respectivos vereadores do PSD e do CDS/PP, eleitos pela coligação Mais Sintra ( já lá vão 9 anos consecutivos…) – mas certamente lhes caberá uma grande e significativa parte dessa responsabilidade.

Sem prejuízo do envolvimento do Poder Central em determinadas matérias, fica claramente demonstrado pelo exemplo de outros municípios (gradualmente “ultrapassando” Sintra nos anos mais recentes, sendo dirigidos pelas mais variadas forças políticas e sujeitos ao mesmo tipo de constrangimentos) que o Poder Local e os seus actores têm uma importância decisiva na criação de condições para o desenvolvimento, na atracção de investimentos, no desenho e desenvolvimento de projectos, na capacidade de influenciar os diversos responsáveis governamentais, enfim, na concretização de uma “visão estratégica” para o território, em benefício das populações e no sentido do seu desenvolvimento sustentado.

É essa incapacidade dos actuais responsáveis pela gestão da CMS que a frieza destes números vem demonstrar, para lá de alguns discursos empolgados ou repetição de piedosas intenções.

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