sábado, 2 de maio de 2009

Lições da História


Eu admito que uma pessoa possa dar um murro a alguém e depois querer fazer crer que não o deu, para se eximir de qualquer julgamento ou condenação. Pode dizer-se que será a atitude do sonso ou do canalha. Mas admito que tal atitude exista, tal como existe chuva, balões coloridos e tigres da Malásia. São factos. O que já começo a achar esquisito (no mínimo) é que o tipo que deu o murro faça um ar compungido e venha dizer que o fez porque anda chateado com a vidinha, afinal o esmurrado só teve azar em passar por perto, é a Vida, anda por aí uma crise e a malta perde a cabeça e começa a esmurrar quem passa. Ainda por cima o tipo que levou o murro simpatiza com o partido no Governo e como sabemos isso faz perder a cabeça a qualquer um, há uns anos atrás na Alemanha também havia quem perdesse a cabeça quando via judeus lá na sua vidinha e ficava com uma grande vontade de os esmurrar e partir lojas e coisa tal. É a vida...

Até aqui...ainda vá que não vá, podemos não gostar mas as coisas encaixam, sonsos e cobardes sempre existirão e teremos que continuar a ter paciência perante os seus rostos de canalhas a fingir que estão arrependidos de coisa nenhuma. Porque dar-lhes o mesmo tratamento seria descermos ao chão lamacento onde se passeiam e aí devemos traçar a fronteira entre gente e bestas de carga.

Mas quando aquele que esmurrou, que insultou, que perseguiu, começa a exigir que o esmurrado, o ofendido, o perseguido, lhe peça desculpa, porque se queixou do murro e devia tê-lo engolido em silêncio, alto lá e pára o baile (ou, neste caso, a manifestação)! Sabemos que há pessoas para quem a Democracia é apenas uma fachada à qual se adaptam temporariamente, pela força das circunstâncias, embora o seu coração vibre secretamente pela Revolução que imporá o seu credo a todos sem excepção. Sabemos, ainda, que há quem ache que dar murros em quem não concorda com ele é um gesto proletário e tem até os seus Santos protectores, São Estaline e São Lénine. Mas esta de esmurrar um homem e depois, quando o homem se queixa e protesta, vir exigir que ele se desculpe das acusações ao agressor, creio que não lembraria nem a São Pol Pot, outro miraculado dos amanhãs que cantam!...

Fora isto, ontem foi 1º de Maio, Dia do Trabalhador, em Lisboa esteve sol, a CGTP manifestou-se para um lado e a UGT para o outro e, pelo meio, houve esta história de murros, insultos e muita raiva mal contida contra um homem chamado Vital Moreira que teve o azar de achar que, apesar de tudo, apesar do passado, apesar da História, aqueles que tanto enchem a boca com a palavra Liberdade a saberiam respeitar. Mas afinal a História repetiu-se...

Sem comentários: